segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Inclusão Social, Palavras ou Ação? por Vânia Moreira Diniz


              A inclusão social está sendo veiculada nas reuniões sociais, na mídia, nas conversas informais mas sem o sentido de verdadeira determinação.. Como aquecimento de algo que toca o coração e aquece o emocional, mas nada de tão definitivo como nós realmente precisamos. Leis, palavras e vontade ajudam, porém não mudam o comportamento, a falta de conhecimento e o preconceito.

Inclusão se faz principalmente com solidariedade, grande dose de amor, mudanças de comportamento, persistência e vontade indomável. E por toda uma população que absorve o conteúdo que está sendo modificado.

Nada adianta falar sobre a pessoa carente de necessidades especiais, o idoso, os que se enquadram nos grupos dos excluídos e não sentir que o primeiro passo para concretização de tal mudança é olhar para essas pessoas com naturalidade e simpatia.

E quando digo excluídos, abranjo todos aqueles carentes não só físicos mas que estejam precisando de um gesto de amor, um sorriso, uma palavra, uma gentileza mas principalmente solidariedade real para que a usemos como hábito benfazejo e prazeroso.

Enquanto pensamos exclusivamente em nossas próprias necessidades supérfluas, enquanto o individualismo lidera no planeta inteiro e as guerras e ódios continuam como podemos crer que o mundo esteja pensando em altruísmo, tentando extirpar o egoísmo e entender o verdadeiro sentido da inclusão?

A  ética de convivência com irmãos que fazem a mesma caminhada na terra, deveria ser bastante clara  e depender do discernimento de cada um. Já era um passo maravilhoso.

Começar com as nossas crianças, ensinando e orientando-as, falando do amor universal, mostrando a missão que nos compete e o dever a ser cumprido em parcela mútuas e profundas e estimulando a generosidade que  inclui a solidariedade de forma mais ampla e persuasiva.

Claro que é importante campanhas que apóiam as pessoas carentes de recursos na área rural e em todos os lugares cuja vida  é consumida pela pobreza, falta de meios para uma vida digna.

Mas antes disso tudo, de todas as formas imediatas de ajuda, é preciso a profunda vontade de que todas as pessoas sejam recebidas e estejam dentro de um grupo social condizente, compreensivo, superlativamente  harmonioso, onde intrinsecamente a igualdade reine de maneira instintiva e natural. Amor, a apologia do amor.

Receber isso como caridade é o pior que pode acontecer a alguém. As mãos se estendendo num gesto simples e humano sabendo que se fosse o contrário, eles também assim procederiam e incitando a todos que estejam a nosso lado, essa fé indestrutível que a inclusão social é a primeira medida, a mais humana, coerente, intrínseca e que só depois dessa mudança total poderemos crescer interiormente e o planeta poderá encontrar a paz necessária e o verdadeiro entendimento e ternura entre os homens.

A velhice, a deficiência, pessoas viciadas ou doentes fazem parte de um mesmo universo e os diferentes são ao contrário, aqueles tão amargos e indiferentes que se julgam perfeitos e não são capazes de amar a seus semelhantes, porque o orgulho, a vaidade e o egoísmo estão transformando e deformando sua personalidade e seu caráter.

Palavras não bastam, precisamos agir, lutar por esse direito inalienável e que conturba toda uma estrutura que é a exclusão, capaz de tornar o mundo um caos de violência e sofrimento.

 Vânia Moreira Diniz
                www.vaniadiniz.pro.br

domingo, 16 de dezembro de 2012

Hoje acordei recordando por Vânia Moreira Diniz



Hoje acordei propensa às reminiscências. Sentindo vontade de percorrer o quintal da minha casa na Rua Barata Ribeiro em Copacabana,Rio de Janeiro, onde na infância eu apostava corridas, tentando um campeonato de patins com minhas amigas e caindo da gangorra enquanto meu irmão pulava antes do tempo.

A bola não parava levando-se em conta que nessa época minhas irmãs não haviam nascido, os da minha idade eram apenas homens e eu gostava de disputá-la com eles , deixando muitas vezes que ela caísse na vizinha que não estava disposta a participar das brincadeiras e imediatamente fazia queixas à minha mãe.

Quando estava cansada de brincar com meus irmãos ou primos corria para dentro de casa e sentada no escritório de meu pai, procurava livros naquela biblioteca imensa e acabava descobrindo um mundo que sempre adorei,imergindo nas páginas que me deixava concentrada, esquecendo por vezes os deveres da escola. Ler era meu mundo encantado e esquecia tudo que me cercava para fazer parte do conteúdo dos livros que eu curtia compulsivamente.

Escrevia com prazer imenso em qualquer momento da minha vida. E deixava que as palavras saíssem sem censuras espargindo meu coração que precisava transmitir com veemência. Parecia que eu só tomava consciência do que escrevera algum tempo depois de concluir o texto e aí sim, entendia o que quisera dizer.

Quando estava entediada ou queria ficar sozinha ia até à praia que era pertinho da minha casa e deixava que meus pés ou meu corpo fossem molhados pelas ondas brancas e nem sempre mansas. Falava com o mar, contava meus desejos e sonhava inexplicavelmente com o infinito que se me apresentava inatingível,como as faixas coloridas do horizonte e sabendo da impossibilidade de alcançá-las deixava que o sol queimasse devagarzinho minha pele clara.

Muitas vezes alguém da minha casa vinha me buscar sabedoras desse passeio quase constante nos dias de sol intenso. O mar, a areia clara, e o horizonte distante sempre foram as mais encantadoras formas de poder transmitir minhas emoções. E continua a ser , só que parece-me que esse mesmo horizonte está mais perto e sinto-o como algo que se aproximou em dias subseqüentes em que aprendi a conhecer a vida e a forma de procurar sobrepujar os obstáculos. Será isso que nos faz mais compreensivos em relação à passagem do tempo?

Ao completar dez anos soube que minha mãe esperava outra criança e tive certeza que seria uma menina. Estava cansada de compartilhar as brincadeiras de cinco irmãos sempre em discussão constante e sentia necessidade de olhar e amar uma irmãzinha e foi o que aconteceu. Nasceu uma mulher e fiquei entusiasmada com o rosto delicado e bonito amei-a instantaneamente, compreendi mesmo ainda muito cedo a necessidade de defendê-la levando em conta que era mais frágil do que eu. Em seguida nasceu outra menina que também foi algo muito importante para mim, mas Cristina e eu estávamos sempre juntas e apesar da diferença de idade nos compreendíamos muito. Até hoje estamos profundamente ligadas e somos confidentes inseparáveis.

Ainda revejo os tempos de criança há muitos anos quando olhava deitada num canto do jardim minhas estrelas brilhantes algumas das quais eu e meu irmão mais velho nomeávamos à noite nos dias de verão.

O colégio Sacré Coeur de Marie onde estudei, foi algo que marcou tanto que até hoje me revejo e jamais poderei deixar de lembrar cada dia que passei lá. E olhe que foi um longo período desde muito pequenina.

O tempo passou, tive uma adolescência conturbada, mas o que me incentivou profundamente foram as lições que aprendi nesse caminho e a certeza que a única forma de sermos realmente felizes é saber estender a mão sempre e entender que por vezes as coisas que nos perturbam nos fazem compreender a vida, ser feliz e desenvolver um amadurecimento sadio e compreensivo.

Vânia Moreira Diniz

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