quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Maravilhosos Heróis





Fui criada familiarizada com os médicos. Cresci no meio deles. Meus tios, meu avô o eram e aprendi o toque mágico que significam suas mãos e a ciência que dominam.

Mas assim como a maioria deles é maravilhosa (diga-se de passagem), poderão também significar no sentido negativo (e são raros) a descrença na vida, o desespero e até a morte. E é por isso que o rigor deve ser levado a sério acerca de tão importantes e ilustres profissionais.


Vemos hoje especialmente médicos que indiferentes ao sofrimento dos outros deveriam desertar de sua própria profissão. Não é só ter talento, estudar, fazer doutorado, defender teses, ser senhor absoluto em seu campo e serem chamados de Doutor.

Mas é tudo isso aliado à humanidade, à generosidade. Sem esses elementos não se conseguirá um médico no sentido amplo da palavra.
Acho que são justamente relações humanas e amor que as faculdades de medicina deveriam ensinar como matéria básica e tentando extrair os sentimentos intrínsecos que existem dentro de cada estudante.

Isso não é só importante nessa profissão, é claro, porém é justamente nela que se lida com o ser humano frágil, doente, necessitado, carente e muitas vezes desesperançado.

E hoje vemos com muito maior frequência a frieza entre os seres humanos. Isso já é por si só algo que deveria ser pacientemente ensinado desde a infância iniciando nos primeiros anos e não finalizando jamais.
Retornando ao assunto principal, os médicos são as pessoas que mais influenciam a vida de uma pessoa ou seja a população em geral. E eles sabem disso.

Quando se formaram fizeram o juramento de Hipócrates e nele se incluem todos esses elementos. Têm a obrigação de cumpri-lo em toda a extensão da palavra.
Portanto aqui o protesto ao profissional da área de saúde que é capaz de usar frieza, inconstância, aparente indiferença no trato com seus clientes, principalmente com aqueles que carecem de assistência negadas pela própria vida.

Eu me recordo há muitos anos que os médicos de família iam à casa de seus clientes e isso era um conforto na hora de uma doença dolorosa.

Lembro-me a triste circunstância de uma criança que eu vi sofrer desesperadamente com “nefrose”. Suas dores eram imensas, os pais tinham dinheiro, nível social elevado e cultura invulgar. E mesmo assim o conforto de médicos dedicados os livrou do desespero total. A assistência especial e afetuosa dos profissionais não deixava que eles caíssem em depressão ou angústia profundas.

Sei que os médicos têm família e vida própria, mas já que escolheram a medicina são mais missionários do que outra coisa qualquer. Muitos realmente são. Mas, e os poucos que não querem pensar que a vida deles é diferente? Mas é. Mesmo que não queiram e neguem essa afirmativa. Tem que ser diferentes pela própria natureza do que fazem.

Para que a classe tão merecedora não seja desprestigiada quero lançar um protesto àqueles que ainda não compreenderam isso.Ainda que seja em tempos modernos, na atualidade difícil, na vida complicada de uma cidade conturbada os médicos são pessoas peculiares cuja obrigação principal é senão tirar ou remover doenças (isso por vezes é impossível, humanamente falando), mas dar consolo e ter predominantemente o sentimento de ternura como base de sua estrutura.

Competência e humanidade. Bases do profissional perfeito.
Não consigo entender o médico que não se comove com a aflição alheia, mesmo que esteja acostumado ao sofrimento.

Desejo, no entanto fazer uma homenagem à maioria dessa extraordinária categoria, os heróis verdadeiros (e eu conheço muitos) que mesmo à sombra realizam o maior trabalho que alguém pode executar. Quero agradecer em nome de uma população que se conforta ao encontrar no caminho de sua existência esses heróis, que batalharam durante toda uma vida conhecendo, pesquisando, estudando e carregam com essa bagagem o amor, a solidariedade, a compreensão e uma humanidade que só eles são capazes.

Não obstante a luta, os dias cansativos e tensos, os clientes irritados, o sacrifício da família e dos amigos e de toda uma vida dedicada. A despeito da ingratidão, das noites insones, do desconforto, das cenas dolorosas, das consternações abundantes. Apesar de tudo eles continuam fortes, magnânimos e imprescindíveis. Aos heróis, o nosso agradecimento.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O Sonho Apenas Passou Por Nós...




O Sonho apenas passou por nós...

Perdoem-me falar um pouco de sentimentos pessoais num editorial do nosso Portal, mas pela primeira vez tenho a impressão que é proibido sonhar. Estou em plena consciência, a lucidez completa que expulsa o devaneio. Pensando num futuro objetivo, esquecida de muitas passagens que nos fizeram andar com passos incertos. Agora sim. Pela primeira vez tenho a sensação que nada vai nos machucar. E isso porque chegamos a um tal ponto que só podemos esperar pela reconstrução, reinvenção de nossos próprios valores exigindo de nós mesmos atitudes serenas porém firmes.
Outubro chegou hoje, o mês mais encantador que conheço, com sua magia, encanto, relembrando-nos o mágico poder das histórias de conto de fadas de nossa infância, a mês dedicado às crianças e aos professores, mas entendo que já não se dá muito valor ao “legítimo” no sentido amplo da palavra como é a missão dos professores e não se pensa que a criança é algo importante demais para que deixemos que ela veja como atualmente cenas tão cruéis. O que sabemos é que precisamos resgatar tudo isso. Imediatamente, sem um segundo de espera para que todos possamos ser felizes.
Estamos na primavera, flores e plantas coloridas, a sensação de um aroma conhecido que se espalha e nos conduz para essa natureza multicor. Tenho confiança que nosso sonho se foi, mas ficou a certeza da beleza, da esperança e dos sentimentos, aqueles que vemos com olhos da realidade encantadora e plena.
Estranho como apesar da ausência de certas convicções somos capazes de buscar nessa estação delirante de outubro a doçura de momentos que se aproximam.. O céu muito azul, nuvens esparsas e brancas, crianças espalhadas pelos parques, bebês nos carrinhos, sorrisos quentes pela madrugada, a alma que vigiava alerta o amanhecer fogoso para curtirem o dia que se estenderia doce e sedutor.
Nesse momento ali está o que sempre admiramos: O céu parecendo se encontrar no horizonte com a luz amarela e laranja em reflexos que nos fazem ter vontade de sentir entre os dedos essa mágica da natureza.

Desejamos sentir no rosto e no corpo esse sol de primavera, deitar-nos ali, fechar os olhos admirando as flores nascendo viçosas e perfumadas e então ansiar que todos possam usufruir esse momento mágico, sem lembranças nem expectativas, sonhos esquecidos ou tristezas. Por um segundo apenas.
O meu sonho se foi, mas ficou a primavera. Agora sou eu que não quero sonhar, mas viver. E usufruir o hoje e agora pelo menos nessa estação florida que acabou de chegar, desejo dar-lhe as boas vindas, saudá-la como sempre fiz e pedir que possa levar seu perfume a todos. Agora, nesse momento de harmonia onde o arco-íris imprime alegria e deixa nos brilhos dos olhos a marca de sua profundidade, não desejo sonhar, mas viver. Não desejamos apenas sonhar, mas viver...
E então amanhã será um novo dia, mais consciente e lúcido, tranqüilo e ameno baseado em verdades nada contraditórias, mas coerentes e poderemos sentir que o sonho apenas passou por nós, tocou-nos de leve e foi embora deixando por enquanto a primavera e depois a felicidade. O sonho apenas passou por nós..
A primavera nos traz lembranças, porém acima de tudo nos impulsiona para o amanhã como sempre aconteceu e o tempo nos ensina cada vez mais o segredo do “saber viver” com valores diversos, baseados na reflexão e nas experiências que o caminho ensina e traduz. O sonho apenas tocou em nós.
O Portal Vânia Diniz, seu editor e colunistas se erguem nessa primavera de outubro desejando e exigindo a luta constante por “um mundo melhor”

Vânia Moreira Diniz




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