Vânia Moreira Diniz
Hoje, 21 de outubro,
é dia do meu aniversário. Desejo pedir perdão aos
leitores que não gostam de reminiscências e acham que passado é apenas um
saudosismo. Não é essa a minha opinião. Sem o passado seríamos apenas alguém que
surgiu simplesmente sem ter construído uma vida ou uma história, sem ter tido
pessoas que a educaram e formaram e sem a figura materna que carregou o filho
durante nove meses alimentando-o e dando condições de sobrevivência.
Para mim o dia que se comemora o meu nascimento é
uma data de gratidão primeiramente aos meus pais e também a todos os meus
ascendentes.
Recordo-me a casa cheia, pois como éramos oito
irmãos, o barulho era sempre ensurdecedor, fora nas horas que estávamos no
colégio ou estudando, regra que meu pai não abria mão.
Muitas vezes vi minha mãe grávida de meus irmãos
menores e então parece que instintivamente queria fazer uma regressão de minha
vida em seu útero e começava a sonhar como se pudesse fazer idéia do que se
passara na fase de feto se desenvolvendo.
Tenho certeza, no entanto, que relutei para sair
do quentinho cheio de paz e que encontrei dificuldade para aceitar como todos os
bebês a vida no mundo e o oxigênio entrando nos pulmões já fazendo um esforço
que não era necessário. E a quase consciência do desconhecido embora não saiba
de que forma.
Encontrei meu irmão mais velho, claro e rosado de
enormes olhos castanhos, que corria em desespero por toda a casa e que um dia
foi meu colega poeta, cheio de harmonia nos versos e sensibilidade nas
descrições.
Muito tempo já se passou, perdi três irmãos
jovens ainda um deles com apenas cinco anos e meus pais que se foram deixando
aquela saudade que não sabemos descrever, palavra que só nós brasileiros
conhecemos devidamente. Mesmo assim todos os anos do mês de outubro sinto a
alegria que vivi e os momentos que passo entre felicidade do presente e
recordação do passado.
Meu pai me ensinou que o aniversário deveria ser
sempre um dia feliz porque nascemos com amor e festejávamos a data com uma
satisfação quase instintiva.
Outubro sempre foi para mim um mês mágico não só
por suas datas como também pela estação da primavera que amei e amo de uma
maneira profunda, aspirando o aroma das flores, festejando o sol quente e
maravilhoso, olhando para o céu azul iluminado pelas estrelas, conversando com o
mar em que fui batizada, saudando a esperança do quase fim de ano que vem para
nos recordar os meses que se passaram e lembrando que embora fiquemos mais
velhos estamos conjugando o verbo viver com mais sabedoria.
Agradeço ao Arquiteto deste planeta deslumbrante, aos meus ascendentes e descendentes , ao meu companheiro constante que me apóia em todos os momentos, aos amigos que adquiri nessa estrada, a todos que convivem comigo e até aqueles que mal conheço mas que prezo como seres humanos que estão percorrendo esse caminho, ora feliz, ora doloroso, não importa, porém que estão escrevendo a sua biografia.
Agradeço ao Arquiteto deste planeta deslumbrante, aos meus ascendentes e descendentes , ao meu companheiro constante que me apóia em todos os momentos, aos amigos que adquiri nessa estrada, a todos que convivem comigo e até aqueles que mal conheço mas que prezo como seres humanos que estão percorrendo esse caminho, ora feliz, ora doloroso, não importa, porém que estão escrevendo a sua biografia.
Obrigada meus pais que me deram a vida, obrigada
à natureza que eu amo e aos anos que passam trazendo a expectativa de que possa
me tornar uma pessoa melhor, mais experiente, menos egocêntrica e soberanamente
compreensiva para com todos que atravessam minha estrada.
Obrigada por esse mês de outubro que eu amo e que
me recebeu com tanto carinho.
Quando eu me for quero ter consciência que
realizei pelo menos uma parte de meus sonhos e segui as lições que meus
educadores me ensinaram para que possa deixar como legado aos meus descendentes.
Outubro me recebeu um bebê, me acompanhou na
infância, na adolescência, na juventude e agora na maturidade plena me abraça
com alegria convidando-me a divulgar sua beleza para as crianças que estão
nascendo.
Vânia Moreira Diniz
Vânia Moreira Diniz