segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Inclusão Social, Palavras ou Ação? por Vânia Moreira Diniz


              A inclusão social está sendo veiculada nas reuniões sociais, na mídia, nas conversas informais mas sem o sentido de verdadeira determinação.. Como aquecimento de algo que toca o coração e aquece o emocional, mas nada de tão definitivo como nós realmente precisamos. Leis, palavras e vontade ajudam, porém não mudam o comportamento, a falta de conhecimento e o preconceito.

Inclusão se faz principalmente com solidariedade, grande dose de amor, mudanças de comportamento, persistência e vontade indomável. E por toda uma população que absorve o conteúdo que está sendo modificado.

Nada adianta falar sobre a pessoa carente de necessidades especiais, o idoso, os que se enquadram nos grupos dos excluídos e não sentir que o primeiro passo para concretização de tal mudança é olhar para essas pessoas com naturalidade e simpatia.

E quando digo excluídos, abranjo todos aqueles carentes não só físicos mas que estejam precisando de um gesto de amor, um sorriso, uma palavra, uma gentileza mas principalmente solidariedade real para que a usemos como hábito benfazejo e prazeroso.

Enquanto pensamos exclusivamente em nossas próprias necessidades supérfluas, enquanto o individualismo lidera no planeta inteiro e as guerras e ódios continuam como podemos crer que o mundo esteja pensando em altruísmo, tentando extirpar o egoísmo e entender o verdadeiro sentido da inclusão?

A  ética de convivência com irmãos que fazem a mesma caminhada na terra, deveria ser bastante clara  e depender do discernimento de cada um. Já era um passo maravilhoso.

Começar com as nossas crianças, ensinando e orientando-as, falando do amor universal, mostrando a missão que nos compete e o dever a ser cumprido em parcela mútuas e profundas e estimulando a generosidade que  inclui a solidariedade de forma mais ampla e persuasiva.

Claro que é importante campanhas que apóiam as pessoas carentes de recursos na área rural e em todos os lugares cuja vida  é consumida pela pobreza, falta de meios para uma vida digna.

Mas antes disso tudo, de todas as formas imediatas de ajuda, é preciso a profunda vontade de que todas as pessoas sejam recebidas e estejam dentro de um grupo social condizente, compreensivo, superlativamente  harmonioso, onde intrinsecamente a igualdade reine de maneira instintiva e natural. Amor, a apologia do amor.

Receber isso como caridade é o pior que pode acontecer a alguém. As mãos se estendendo num gesto simples e humano sabendo que se fosse o contrário, eles também assim procederiam e incitando a todos que estejam a nosso lado, essa fé indestrutível que a inclusão social é a primeira medida, a mais humana, coerente, intrínseca e que só depois dessa mudança total poderemos crescer interiormente e o planeta poderá encontrar a paz necessária e o verdadeiro entendimento e ternura entre os homens.

A velhice, a deficiência, pessoas viciadas ou doentes fazem parte de um mesmo universo e os diferentes são ao contrário, aqueles tão amargos e indiferentes que se julgam perfeitos e não são capazes de amar a seus semelhantes, porque o orgulho, a vaidade e o egoísmo estão transformando e deformando sua personalidade e seu caráter.

Palavras não bastam, precisamos agir, lutar por esse direito inalienável e que conturba toda uma estrutura que é a exclusão, capaz de tornar o mundo um caos de violência e sofrimento.

 Vânia Moreira Diniz
                www.vaniadiniz.pro.br

domingo, 16 de dezembro de 2012

Hoje acordei recordando por Vânia Moreira Diniz



Hoje acordei propensa às reminiscências. Sentindo vontade de percorrer o quintal da minha casa na Rua Barata Ribeiro em Copacabana,Rio de Janeiro, onde na infância eu apostava corridas, tentando um campeonato de patins com minhas amigas e caindo da gangorra enquanto meu irmão pulava antes do tempo.

A bola não parava levando-se em conta que nessa época minhas irmãs não haviam nascido, os da minha idade eram apenas homens e eu gostava de disputá-la com eles , deixando muitas vezes que ela caísse na vizinha que não estava disposta a participar das brincadeiras e imediatamente fazia queixas à minha mãe.

Quando estava cansada de brincar com meus irmãos ou primos corria para dentro de casa e sentada no escritório de meu pai, procurava livros naquela biblioteca imensa e acabava descobrindo um mundo que sempre adorei,imergindo nas páginas que me deixava concentrada, esquecendo por vezes os deveres da escola. Ler era meu mundo encantado e esquecia tudo que me cercava para fazer parte do conteúdo dos livros que eu curtia compulsivamente.

Escrevia com prazer imenso em qualquer momento da minha vida. E deixava que as palavras saíssem sem censuras espargindo meu coração que precisava transmitir com veemência. Parecia que eu só tomava consciência do que escrevera algum tempo depois de concluir o texto e aí sim, entendia o que quisera dizer.

Quando estava entediada ou queria ficar sozinha ia até à praia que era pertinho da minha casa e deixava que meus pés ou meu corpo fossem molhados pelas ondas brancas e nem sempre mansas. Falava com o mar, contava meus desejos e sonhava inexplicavelmente com o infinito que se me apresentava inatingível,como as faixas coloridas do horizonte e sabendo da impossibilidade de alcançá-las deixava que o sol queimasse devagarzinho minha pele clara.

Muitas vezes alguém da minha casa vinha me buscar sabedoras desse passeio quase constante nos dias de sol intenso. O mar, a areia clara, e o horizonte distante sempre foram as mais encantadoras formas de poder transmitir minhas emoções. E continua a ser , só que parece-me que esse mesmo horizonte está mais perto e sinto-o como algo que se aproximou em dias subseqüentes em que aprendi a conhecer a vida e a forma de procurar sobrepujar os obstáculos. Será isso que nos faz mais compreensivos em relação à passagem do tempo?

Ao completar dez anos soube que minha mãe esperava outra criança e tive certeza que seria uma menina. Estava cansada de compartilhar as brincadeiras de cinco irmãos sempre em discussão constante e sentia necessidade de olhar e amar uma irmãzinha e foi o que aconteceu. Nasceu uma mulher e fiquei entusiasmada com o rosto delicado e bonito amei-a instantaneamente, compreendi mesmo ainda muito cedo a necessidade de defendê-la levando em conta que era mais frágil do que eu. Em seguida nasceu outra menina que também foi algo muito importante para mim, mas Cristina e eu estávamos sempre juntas e apesar da diferença de idade nos compreendíamos muito. Até hoje estamos profundamente ligadas e somos confidentes inseparáveis.

Ainda revejo os tempos de criança há muitos anos quando olhava deitada num canto do jardim minhas estrelas brilhantes algumas das quais eu e meu irmão mais velho nomeávamos à noite nos dias de verão.

O colégio Sacré Coeur de Marie onde estudei, foi algo que marcou tanto que até hoje me revejo e jamais poderei deixar de lembrar cada dia que passei lá. E olhe que foi um longo período desde muito pequenina.

O tempo passou, tive uma adolescência conturbada, mas o que me incentivou profundamente foram as lições que aprendi nesse caminho e a certeza que a única forma de sermos realmente felizes é saber estender a mão sempre e entender que por vezes as coisas que nos perturbam nos fazem compreender a vida, ser feliz e desenvolver um amadurecimento sadio e compreensivo.

Vânia Moreira Diniz

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Programa Canto das Letras -TV Câmara




Mesmo aos que não estiveram presentes, gostaria de dizer o quanto o programa "Canto das Letras" na TV Câmara é interessante. O escritor e competente poeta Casimiro Neto e a Escritora e Poeta Vânia Moreira Diniz conversaram sobre poesia, fal...
aram de suas experiências, sob a supervisão dinâmica do ator Jones Abreu e da poeta servidora, Isolda Marinho que fazem um bate-papo informal, no qual a plateia pode participar, ouvimos a boa música e talento brilhante de Ângela Brandão e seu maravilhoso parceiro e trocamos ideias interessantíssimas. Plateia maravilhosa!
Agradecemos ao Núcleo de Cultura da Câmara pelo excelente trabalho e Parabéns agradecidos a Jones Abreu e Isolda Marinho pelo convite.
Vânia Moreira Diniz

sexta-feira, 2 de novembro de 2012




O Canto das Letras, promovido pelo Centro Cultural Câmara dos Deputados, com o apoio da TV Câmara e do Sindilegis, é um programa que contempla artistas de Brasília, aliando música e literatura. Em formato de talk-show, o ator Jones Abreu e a poeta, servidora, Isolda Marinho recorrem a um bate-papo informal, no qual a plateia pode participar. Eles fazem a leitura dramatizada de textos dos escritores e conversam sobre carreira e processo de criação, entremeando com as composições do músico. Na edição de outubro, o evento contará com a presença da escritora Vânia Moreira Diniz, do  escritor Casimiro Neto, além da cantora e compositora Ângela Brandão.
Saudada pela imprensa com expressões como “Noel Rosa de Saias”, “talento” e “estrela”, Angela Brandão tem se destacado como uma das principais compositoras da nova geração de Brasília. Com suas letras poéticas e melodias incomuns, faz sambas de raiz, valsas sofisticadas e música pop de qualidade que, junto com seu carisma e voz suave, tem encantado as plateias. Seu primeiro CD foi gravado no Rio de Janeiro com arranjos de Leandro Braga e participação especial do cantor Paulinho Moska. No Senado Federal há 15 anos, é jornalista da TV Senado, onde apresenta o programa Argumento. Também escritora, está preparando seu primeiro livro de crônicas.
Carioca de nascença, a escritora Vânia Moreira Diniz mora em Brasília e também é poeta, humanista, divulgadora e pesquisadora. Escreve desde os sete anos de idade e é autora dos livros Laura (romance), Olhos Azuis (poesia), Pelos Caminhos da Alma, Ciganinha (Infanto-juvenil) e Pelos Caminhos da Vida (Crônicas), entre outros. Participou de mais de 30 antologias. É autora de e-books, escreve em sites da Internet e em periódicos impressos. É  membro nacional vitalício da Academia de Letras do Brasil (ALB), com a cadeira número 1 no Distrito Federal e também presidente da ALB - Seccional Brasília-DF, onde recebeu o maior título da Academia: Doutora Honoris Causa - ph.I- Filósofa Imortal. Além de Imortal, a escritora detém várias outros prêmios e participaçoes. Mais informações sobre suas obras e vida estão nos portais: http://www.vaniadiniz.pro.br; http://www.vaniadiniz.pro.br/OBRAS.HTM e http://www.vaniadiniz.pro.br/divulgacao/alb_imortal_vmd.htm

                O escritor e poeta Casimiro Neto é sócio titular da Associação Nacional dos Escritores. Paulista, radicado em Brasília desde 1970 e na Câmara desde 1994, é professor, pedagogo e historiador pós-graduado em Ciências Políticas. Publicou quatro livros, dois de literatura: O Amanhã de Nossas Vidas – Falando de Amor – Prosa e Poesia; e Malena – Um Caso de Amor – Prosa e poesia.; e dois acadêmicos: A Construção da Democracia,  que teve seus direitos autorais doados para a Câmara dos Deputados; e O Professor e os Métodos de Ensino – Ciclo de palestras para docentes e discentes durante os anos de 1988 a 1992. Casimiro Neto publicou, ainda, dois Artigos para a Revista Ideias e Leis, do Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados. Na primeira edição, em 2005,  publicou o Artigo que trata da “História das Constituintes Brasileiras”, com o título: “A Assembleia Geral, Constituinte e Legislativa do Império do Brasil”. E, na segunda edição, em 2006, o Artigo que trata da “História das Constituintes Brasileiras”, com o título: “O Congresso Nacional Constituinte de 1890 a 1891”. Também escreve textos para o Portal da Câmara dos Deputados sobre a cronologia histórica e legislativa dos governos no Brasil e também sobre a história da Câmara e de seus presidentes, do Império à República. Além disto, o escritor publica artigos e textos em Cadernos do Museu da Câmara, catálogos de obras de arte da câmara e na Revista Plenarium/CD. Casimiro Neto ainda está desenvolvendo novos projetos para futuras publicações.

SERVIÇO


Canto das Letras – A literatura encontra a música

Data: 08 de novembro, quinta-feira

Hora: 19 horas

Local: Auditório da TV Câmara – Edifício principal

Entrada franca


C.André Laquintinie

Assessor de Imprensa

Centro Cultural Câmara dos Deputados

Câmara dos Deputados


(061) 3215-8092

domingo, 21 de outubro de 2012

Meu Aniversário por Vânia Moreira Diniz

Vânia Moreira Diniz

Hoje, 21 de outubro, é dia do meu aniversário. Desejo pedir perdão aos leitores que não gostam de reminiscências e acham que passado é apenas um saudosismo. Não é essa a minha opinião. Sem o passado seríamos apenas alguém que surgiu simplesmente sem ter construído uma vida ou uma história, sem ter tido pessoas que a educaram e formaram e sem a figura materna que carregou o filho durante nove meses alimentando-o e dando condições de sobrevivência.

Para mim o dia que se comemora o meu nascimento é uma data de gratidão primeiramente aos meus pais e também a todos os meus ascendentes.
Recordo-me a casa cheia, pois como éramos oito irmãos, o barulho era sempre ensurdecedor, fora nas horas que estávamos no colégio ou estudando, regra que meu pai não abria mão.
Muitas vezes vi minha mãe grávida de meus irmãos menores e então parece que instintivamente queria fazer uma regressão de minha vida em seu útero e começava a sonhar como se pudesse fazer idéia do que se passara na fase de feto se desenvolvendo.
Tenho certeza, no entanto, que relutei para sair do quentinho cheio de paz e que encontrei dificuldade para aceitar como todos os bebês a vida no mundo e o oxigênio entrando nos pulmões já fazendo um esforço que não era necessário. E a quase consciência do desconhecido embora não saiba de que forma.
Encontrei meu irmão mais velho, claro e rosado de enormes olhos castanhos, que corria em desespero por toda a casa e que um dia foi meu colega poeta, cheio de harmonia nos versos e sensibilidade nas descrições.
Muito tempo já se passou, perdi três irmãos jovens ainda um deles com apenas cinco anos e meus pais que se foram deixando aquela saudade que não sabemos descrever, palavra que só nós brasileiros conhecemos devidamente. Mesmo assim todos os anos do mês de outubro sinto a alegria que vivi e os momentos que passo entre felicidade do presente e recordação do passado.
Meu pai me ensinou que o aniversário deveria ser sempre um dia feliz porque nascemos com amor e festejávamos a data com uma satisfação quase instintiva.
Outubro sempre foi para mim um mês mágico não só por suas datas como também pela estação da primavera que amei e amo de uma maneira profunda, aspirando o aroma das flores, festejando o sol quente e maravilhoso, olhando para o céu azul iluminado pelas estrelas, conversando com o mar em que fui batizada, saudando a esperança do quase fim de ano que vem para nos recordar os meses que se passaram e lembrando que embora fiquemos mais velhos estamos conjugando o verbo viver com mais sabedoria.

Agradeço ao Arquiteto deste planeta deslumbrante, aos meus ascendentes e descendentes , ao meu companheiro constante que me apóia em todos os momentos, aos amigos que adquiri nessa estrada, a todos que convivem comigo e até aqueles que mal conheço mas que prezo como seres humanos que estão percorrendo esse caminho, ora feliz, ora doloroso, não importa, porém que estão escrevendo a sua biografia.
Obrigada meus pais que me deram a vida, obrigada à natureza que eu amo e aos anos que passam trazendo a expectativa de que possa me tornar uma pessoa melhor, mais experiente, menos egocêntrica e soberanamente compreensiva para com todos que atravessam minha estrada.
Obrigada por esse mês de outubro que eu amo e que me recebeu com tanto carinho.
Quando eu me for quero ter consciência que realizei pelo menos uma parte de meus sonhos e segui as lições que meus educadores me ensinaram para que possa deixar como legado aos meus descendentes.
Outubro me recebeu um bebê, me acompanhou na infância, na adolescência, na juventude e agora na maturidade plena me abraça com alegria convidando-me a divulgar sua beleza para as crianças que estão nascendo.
Vânia Moreira Diniz

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ciganinha e Monteiro Lobato -Extraído do livro"Ciganinha" de Vânia Moreira Diniz


 Homenagem à crianças

Naquele dia Ciganinha passou pela sala onde seu avô recebia visitas e entendeu que estavam falando sobre Monteiro Lobato. Os trechos de diálogo que ouvira lhe interessaram bastante e viu como seu pai tinha razão ao pedir-lhe que lesse ou perguntasse sobre a vida do autor antes de ler a história.

Desde que recebera a coleção ficara seduzida pela forma que o autor escrevia, porque a verdade é que ela se sentia longe de tudo e exatamente no lugar que  Monteiro Lobato estava. Imaginava  mesmo sendo ainda pequena e inexperiente que  isso era uma arte e resolveu que  procuraria na biblioteca de sua casa e na de seu avô, livros que falassem do autor que ela sabia paulista e que tanto a agradava.

Não precisou procurar muito. No seu próprio quarto encontrou a biografia completa dele, certamente porque seu pai a colocara ali.

E entendeu que o autor queria receber retorno das crianças que o liam porque estava magoado com os adultos.Na sua cabecinha ela imaginava o certo porque muitas vezes se decepcionara com muitos adultos mas achava no fundo que isso não dependia do tamanho ou da idade. Pensou que um dia seu avô lhe falara isso, por alguma arte que ela fizera mas na verdade seus pensamentos iam num rumo acelerado passando de uma coisa para outra . Mas voltou a Monteiro Lobato. Fechou os olhos e se imaginou Narizinho, a idade das duas era quase a mesma e sonhou acordada  cercada por príncipes e reis que podiam ser tanto da espécie animal racional como não. O importante era estar ali, divagando, vendo não sabia através de que exatamente, mas achava muito fascinante  poder enxergar coisas e vivê-las só em pensamento... Era esse um mundo que ela desde que se entendeu por gente achava intrigante e maravilhoso. Costumava deitar e de olhos bem abertos ou fechados, não importa, deixar que as imagens aparecessem como fosse um filme e por vezes participava das cenas, conversava, ria, brincava, procurava se integrar de um modo completamente ativo. Ficava pensando que esse escritor que ela tanto amava  fazia assim quando contava suas histórias, só que escrevendo. E ela sempre imaginava isso quando contava uma história escrevendo no papel o que vivia na imaginação.

Nossa! Como ela era enrolada! Se dissesse isso às pessoas iam imaginar que era maluca. Mas de repente viu a figura que mais lhe entusiasmava e que Monteiro Lobato descrevia aparecer diante dela, enorme, forte, lindo como um verdadeiro herói e sentiu alguma coisa esquisita, uma espécie de felicidade: Heracles.Era ele, ali, tão majestoso, podia até falar com rudeza mas para ela encarnava a mais espetacular pessoa que já vira. Era tão bonito que chegava a doer e perto dele não sentiria medo de nada nem de ninguém.

Não precisava ir à Grécia ou deixar crescer para um dia chegar lá, ele já estava ali e poderiam conversar, como o fazia com suas amigas, seu pai, seu avô ou qualquer pessoa próxima. Seu coraçãozinho bateu de emoção, não conseguia falar para lhe perguntar tantas coisas que passavam na sua cabeça. Quando  seus lábios pronunciaram o nome de Hércules num português claro, sentiu que ele lhe contaria todas os trabalhos que fizera e já  se sentia sabendo tudo sobre aquelas aventuras, quando percebeu que o livro de Monteiro Lobato estava aberto no seu corpinho e que permanecia solitária no quarto grande e claro onde costumava receber seus mais extraordinários personagens.
Vânia Moreira Diniz

domingo, 30 de setembro de 2012

13anos de existência do Portal Vânia Diniz - VMD
(21-10-2012)



Estamos entrando em outubro, mês da magia e do encanto em que comemorei todos os dias em todos os anos sua mágica beleza.

No dia 21 de outubro de 1999 montei o Portal Vânia Diniz, na internet para registrar os anos de literatura em que me dediquei seguindo o exemplo de meu avô, escritor me deixou um legado de amor à escrita e à letras. Tinha seis anos quando me apaixonei por essa arte maravilhosa à qual exercito até hoje.

Escrevo desde pequenina, mas a Internet foi a forma fascinante de divulgar meus livros e continuar a escrever além de me juntar aos escritores que gostariam e sonhavam em passar para o mundo seus escritos.

Era uma maneira de poder sentir alegria de dividir com outros artistas um site que eu sonhava ver na internet.

Foi lançado no dia 21 de outubro de 1999, dia do meu aniversário,mês em que também publiquei meu romance “Laura”, personagem que estava na minha cabeça há longos anos..

Faz 13 anos que o hoje Portal Vânia Diniz foi ao ar e em seguida , a meu convite muitos escritores iniciaram e persistiram em suas colunas , que são orgulho e alegria para o Portal tão querido no qual trabalhamos com afinco e inexpremível felicidade.

Não importa quantas vezes ele é acessado, isso não é o principal, embora seja importante. O primordial é que ele está aí para que todas as pessoas que desejam possam tera facilidade de ler assuntos importantes e variados e em que nos aprofundamos.

No dia 21 de outubro comemoraremos 13 anos de existência em que o Portal Vânia Diniz vai ao ar sempre com novos assuntos.

Agradeço imensamente ao todos os colunistas e leitores que juntos comigo deixam acessível seus textos para que seja visitado e navegado e sintam o amor com que é editado.

Isso é que é importante realmente. Treze anos de existência e a emoção desses anos que nos tem levado a trabalhar com alegria e muita intensidade.

Dentro dele temos outro site “Espaço Ecos”, com matérias que chama o leitor a apreciá-lo , inclusive temas de utilidade púbica e várias páginas de colunas de escritores que enriquecem o nosso Site Rosa” como é chamado carinhosamente, pelos antigos conhecedores desse Sitio de literatura.

O Portal Vânia Diniz completa 13 anos de existência e me orgulho desse trabalho realizado com tanto amor e conclamando a literatura para fazer parte desse projeto que não acabará nunca em sua realização.

Será o legado, simples e humano que deixarei para meus descendentes.

Agradeço a todos que tem me ajudado nesse trabalho fascinante.
Treze (13) anos de amor, dedicação, carinho, e muitas horas por dia dedicados a ao Portal Vânia Diniz
Vânia Moreira Diniz
Proprietária e Editora do Portal Vânia Diniz
http://www.vaniadiniz.pro.br

sábado, 22 de setembro de 2012

A União dos povos e a utopia por vânia Moreira Diniz

A união dos povos e a utopia

Nada é mais verdadeiro do que o ser, suas essências e magnitudes. Existimos independentes do lugar, ocasião, data, raça. Somos antes de qualquer outra evidência um ser humano. E o ser humano é um só, verdade evidenciada justamente nos dois acontecimentos mais marcantes da vida: Nascimento e morte.
Quando somos concebidos passamos a nos desenvolver num lugar aconchegante, o útero materno de forma absolutamente semelhante e também no momento tão esperado em que respiramos pela primeira vez o oxigênio, acontecimento que transcende tudo que possa existir. Do mesmo modo e de maneira mais dramática aparentemente no último suspiro em que ao contrário do nascimento o oxigênio começa a faltar e a luta é tão grande como fora a outra em proporções contrastantes, mas igualmente intensas.
Nascemos para cumprir uma missão e temos igualmente dores, alegrias, emoções e uma estrada na qual devemos caminhar enquanto vivermos. Claro que somos seres individuais e encaramos tudo à nossa volta de um modo especificamente personalizado.
Podemos ter características diferentes, mas a essência é a mesma: Seres humanos da mesma espécie e custa compreender os preconceitos que se instalam como uma erva daninha, um câncer maligno destruindo o que há de mais nobre em qualquer indivíduo.
Se o mundo, as civilizações divergem em certos aspectos, nada diferencia o ser físico e íntimo, mesmo abstrato e só idéias arraigadas por personalidades doentias poderiam pensar de outra forma.
Basta evidenciar a natureza que alimenta e proporciona bem estar a todos os indivíduos: O ar, a natureza em seu apogeu e todos os elementos naturais para verificarmos o quanto de violência existe na diferenciação do ser humano pelo próprio ser humano. É não só uma brutalidade ignóbil, como ignorância no mais alto grau, falta de sensibilidade e até mesmo de discernimento.
Desde o início de nossa civilização as atrocidades redundando em guerra tomaram conta do mundo e seria considerada uma utopia idealizar-se um modo diferente da humanidade caminhar. Mesmo porque segundo os especialistas o avanço e progresso não se dariam sem a disputa bélica. Triste conclusão!
A verdade é que o desenvolvimento da ciência surgiu justamente em contraposição à utopia e temos como exemplo as grandes invenções de gênios já considerados desorientados, porém que sobrepujaram o pensamento das pessoas convencionalmente normais e produziram o que jamais se pensou ser possível.
A partir do momento em que se respeitem as diferenças não há divergência. Uma utopia das mais vigorosas, partindo do princípio que as pessoas costumam ser agressivas quando questionadas.
O que faz com que o mundo fique realmente de luto, são as rivalidades e preconceitos de qualquer espécie: raças, regiões e exclusões que o homem cria com a fúria do convencionalismo pessoal adquirido no contato de sua personalidade com as leis antinaturais do mundo.
A união dos povos total e sem discriminação seria uma utopia na qual valeria a pena apostar sonhando com a paz do mundo, com seres humanos dignos de mãos dadas em busca da generosidade, solidariedade natural e humana que deveria caracterizar o planeta em que vivemos. E isso deveria ser acima de qualquer utopia o processo mais vigoroso e fascinante da verdadeira felicidade.
Vânia Moreira Diniz

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Voando por Vânia Moreira Diniz



                 Voei hoje em direção a um lugar especial, longe do barulho, das  businas dos carros e da efervescência que lidera os grandes centros. Imaginei que só o tumulto e o movimento me deixassem à vontade, mas acordei com a sensação de que precisava me isolar para compreender o que se passava à minha volta.

Não importava que fosse domingo, o sol brilhasse luminoso, o tempo estivesse à minha disposição  para usufruí-lo intensamente e a vida atendesse com suavidade os meus desejos.

Não interessava que o mundo se apresentasse atraente, o horizonte sem fim, as cores reproduzissem a beleza  seleta e maravilhosa que meus olhos sempre buscavam e que já encontrasse alguma esperança no porvir.

Não me preocupava com a matéria, as ruas fascinantes, o encontro das pessoas em cada canto, a ternura de olhos a fitarem o infinito ou a certeza que poderia ser feliz eternamente.

Não me incomodava com retrocesso do egoísmo, a presença da generosidade, as juras transbordantes de carinho, a ansiedade que  os dias traziam em suas horas arrastadas ou a certeza de sensações enlouquecidas.

Precisava volitar em outras paragens com leveza de quem possui asas, intercalar os espaços e ultrapassar o vento uivante e ligeiro. Passar bem acima do mar infinitamente belo senti-lo como o aliado que me conduziria acompanhando-me o vôo ilimitado.

Alcançar as nuvens, enroscando-me em sua claridade, seduzida pelo  prateado ofuscante, alucinada pelo espaço tentador. E prosseguir meu  passeio, bebendo em fontes que certamente mitigariam minha sede, parando às sombras das árvores, entendendo a voz  enérgica da natureza e encontrando-me com o horizonte que refletiria outro horizonte inatingível.

E na seqüência de meu caminho chegar finalmente às estrelas luminosas, mergulhar no azul profundo do céu a refletir a terra linda e impossível de alcançar.

Queria encontrar-me com meu espírito inaccessível esquecendo dos deveres, olvidando compromissos e esticando-me nos campos desse espaço que me acolhe em momento de abstração e recolhimento. Aprofundar-me nos meus próprios pensamentos e reminiscências.

Preciso voar com as asas ondulando em movimentos rápidos e graciosos, recebendo emanações do espírito, recolhendo sensações fascinantes  que me farão esquecer  vivências pueris e alternar vibrante entre a vida terrestre e a luz sinuosa das estrelas.

E então sentir-me plena e realizada, palpitante em minha poesia, vagueando entre o espírito sonhador e a realidade objetiva e árida.

Deitada sob a limpidez  de um ponto ilimitado eu me curvo diante da beleza e do deslumbre de cada ponto da natureza e sinto-me privilegiada e agradecida.
Vânia Moreira Diniz

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Obrigada!!!!


Vânia Moreira Diniz

À medida que vivo e caminho nessa estrada pedregosa mais me convenço como são importantes esses passos que acabarão certamente no último dia de minha vida e o que abandonarei aqui, sejam sementes viris ou ervas daninhas.

Deixaremos aqui os germes que plantamos de lucidez e trabalho, algumas obras realizadas e muita intensidade que espero nossos descendentes possam colher com menos sacrifício.
Não me refiro apenas aos acontecimentos valiosos da vida, mas também aos reveses, e nem somente às demonstrações de amizade mas incluo fatos que nos decepcionam.

Fiquei imaginando como a ingratidão, o descaso, a indiferença e até mesmo palavras magoantes de nossos irmãos de caminhada podem nos ajudar nesse aperfeiçoamento. A dor nos leva à maturidade, ao entendimento de nossos próprios defeitos, à compreensão de que precisamos refletir com mais intensidade para que não façamos aos outros o que sentimos em nós.

Por isso estou aqui hoje depois de uma semana de muito trabalho, aflições angústias e também alegrias porque levo muito a sério o que empreendo tal como a minha vida literária, o apoio aos meus colegas escritores e às pessoas que estão precisando de mim.


E isso inclui sorrir a quem está aflito mesmo num momento difícil de nossos passos e jamais manter-me fria frente a qualquer adversidade de meus companheiros, seres humanos com as mesmas potencialidades ou fraquezas que me acometem. Deus queira que consiga realizar pelo menos uma terça parte do que tenho sonhado.

Nesse momento faço um agradecimento diferente mas igualmente sincero à todos aqueles que mantendo-se distante ou até voluntariamente à margem de tudo que possa me acontecer ensinaram-me a resgatar valores esquecidos ou a reconhecer a importância de um gesto, de uma palavra e de um sorriso.

Ensinaram-me também a reconhecer meus próprios defeitos como um reflexo iluminado para que ainda em tempo possa tentar corrigir minhas falhas e cultivar o sentimento de humildade e carinho para com todas as pessoas que me rodeiam sem exceção.

Contemplando meu próprio eu interior percebi o quanto preciso aperfeiçoar-me e simbolicamente não sei quanto tempo me resta para isso.Tenho urgência! Por isso agradeço incessantemente àqueles que em todos os momentos, e foram realmente muito poucos, estiveram à parte quando me viram ansiosa ou passando por uma aflição.

O sentimento de verdadeiro amor universal inclui com distinção esses momentos em que aprendemos que só nós mesmos podemos achar um meio de sobrepujar dores ou desgostos.


É dentro de nós mesmos que encontramos forças que parecem frágeis, mas que, ao contrário são incomensuráveis e esclarecedoras. E quando isso acontece a sensação de paz e suavidade nos torna seres felizes e realizados.

A todos aqueles que demonstraram efetivamente carinho, cumplicidade e apoio eu só posso dizer que foram e são o grande lume a indicar o horizonte que se projeta mais luminoso.

Por esta razão desejo agradecer a todas as pessoas que cruzaram meu caminho de uma forma ou outra, nas alegrias, adversidades, infortúnios ou júbilos e com as quais aprendi lições inimagináveis de sabedoria tentando aperfeiçoar-me e fazendo o possível para que isso tenha me servido de exemplo.
Aos que me dececionaram que foram muito raros ou aos que foram bondosos e afeiçoados em sua imensa maioria o meu muito obrigada.Precisava dizer isso nesse instante que vejo com mais clareza as diferenças que são a razão de um aprendizado verdadeiro e consciente.
Vânia Moreira Diniz





domingo, 2 de setembro de 2012

Encontro Especial e Maravilhoso

 Acho que não preciso mais falar mas ai está Mère Menino Jesus, eu e uma colega do colégio Sacré Coeur de Marie, colegas desde pequeninas.Beth Faria e eu crescemos juntas tendo as mesmas professoras e agora tivemos oportunidade de ter esse encontro com nossa mestra querida. Salve a vida e a energia que vem de Deus e que nos proporciona esses momentos inesquecíveis
 

Abaixo Mère Menino Jesus, nossa Mestra, agora com 83 anos e nós Beth Faria e eu que fomos colegas desde pequeninas e alunas dessa mulher extraordinária com nossos maridos, Paulo Diniz e Lucena Dantas.Não é maravilhoso e emocionate encontar-nos a essa altura da vida?
Vãnia Moreira Diniz


sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Minha Professora, Mère Menino Jesus


Ontem recebi uma visita preciosa. A emoção foi tão grande que as lágrimas toldavam meus olhos a todo momento principalmente quando a abracei e senti  o amor de minha professora Mère Menino Jesus (Irmã Ilza) e a sensação dos velhos tempos de que perto dela nada podia me acontecer.
Quando a conheci ela era muito jovem encantou a minha turma com a força de seu sorriso, de sua saltitante alegria, de seus passos leves e firmes, de seu olhar terno que sabiam fixar com energia quando era necessário.
Aprendi com Irmã Ilza a ser verdadeira, pensar nas coisas boas que Deus nos oferecia, no valor da ética e da necessidade de aprender sempre mais e a ser correta nos momentos em que uma decisão devia ser tomada.
 Relembrava sua figura na sala de aula em que foi estímulo para minhas colegas e para mim e nas inúmeras ocasiões em que aprendemos a discernir o bem do mal, dormir com a consciência tranquila e nos alegrar sempre, estender as mãos aos que precisavam de nós ou nos arrepender de sentimentos considerados inoportunos.
Ontem foi um dia de recordações positivas, em que apreciamos as fotos antigas da nossa turma, falamos de cada uma e em que ela ouviu tudo que ocorrera durante o meu trajeto até hoje. Também pude sentar perto de minha professora ouvindo-a, sentindo suas emoções intensas, reiterando o quanto de admiração e carinho intenso sempre senti por essa mulher maravilhosa.
Tinha-me encontrado algumas vezes com ela, depois que saí do colégio, mas nesse momento, com a maturidade que acumula a sabedoria, estávamos ela e eu verdadeiramente unidas pelo sentimento do passado e principalmente da noção exata do que era vida e mesmo com o passar do tempo, do caminho que já era longo, tinha convicção de que suas palavras ainda me traziam muita experiência, exercício de aprendizado, conforto e amor.
Mère Menino Jesus marcou a vida daquela sua primeira turma que olhava para a jovem freira cheia de surpresa e entusiasmo afirmando para nós mesmas o quanto tínhamos sorte de tê-la como professora de história, e mestra de classe , o que significava que ela era responsável pela nossa turma naquele ano.
O tempo todo enquanto almoçávamos e depois conversando horas a fio eu não podia acreditar que Mère Menino Jesus estava ali, tão perto de mim, olhando-me com aquela ternura que eu conhecia tão bem e que naqueleinstante eu não precisava ensinar, proteger minha filhas, netas e bisnetinha, mas sim  sentir o conforto, aconchego e proteção.
Ao mesmo tempo pensei o quanto era importante para mim, olhar para Irmã Ilza, agora com 84 anos e sentir alegria ao segurar sua mão enquanto atravessávamos uma rua, quando fomos deixá-la ou ajudá-la a levantar-se mais suavemente do sofá.
No entanto, a sensação era de que ela nunca deixaria de ser a minha professora, protetora, com ensinamentos profundos e muito discernimento. Ela estava ali, perto de mim, com lucidez absoluta, sabedoria ainda maior que nos velhos tempos , experiência dos anos vividos ainda mais acirrada, e eu ali a observar com a mesma admiração do meus tempos de garota.
Cheguei à maturidade, mas pude usufruir no dia de ontem um privilégio que poucas pessoas experimentam, de receber uma visita preciosa que marcará mais uma vez o resto de minha vida.
Obrigada Mère Menino Jesus, obrigada pelos anos que conviveu comigo, pelos ensinamentos que me deu, pela certeza do que é realmente o nosso bem maior na estrada que trilhamos e pelo abraço que eu ficarei sentindo e as palavras e lágrimas que não se apagarão jamais!
Vânia Moreira Diniz

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Meu Pai (em homenagem ao dia dos pais)

João da Rocha Moreira - Meu pai
 Acho que nenhuma fisionomia me impressionou tanto quanto a de meu pai. Tinha traços marcantes e  os olhos azuis brilhavam imensos sempre revelando o que sentia interiormente. Eram os verdadeiros espelhos de sua alma. Sabíamos perfeitamente, meus irmãos e eu, o exato momento que podíamos conversar descontraidamente com ele ou aquele que seria perigoso fazê-lo. A não ser que fôssemos portadores de alguma notícia realmente esplendorosa.

        Era advogado  e essa profissão naquele homem especialmente inteligente, sensível, impetuoso e radicalmente reto e convicto me fascinava. Poderia ficar horas ouvindo-o e apreciando o dom de sua palavra fácil e sedutora. Mas claro, havia oportunidades em que nossas personalidades se esbarravam e minha mãe costumava dizer que entrávamos em conflito porque éramos parecidos de temperamento.

        Escrevia magistralmente e suas palavras  que eu ouvi diversas vezes em conferência e que explodiam ao som de seu timbre vigoroso   me entusiasmavam e ele me cativava cada vez mais como a todas as pessoas que o conheciam pela sua extraordinária capacidade.

         Tinha idéias arejadas e espírito aberto embora fosse totalmente exigente  em seus conceitos e idéias. Jamais me proibiu e até estimulava  meus vestidos modernos, decotados e curtos, namoros e distrações, mas jamais se conformou  com as peças de teatro que eu queria encenar. Eram brigas constantes e inócuas para mim porque sabia que sendo menor teria que obedecer, e isso muitas vezes me  deixava um sabor de mágoa.

         A vida jamais foi monótona tendo como pai aquele homem tão vibrante, seguro e maravilhosamente imprevisível. Suas gargalhadas ressoavam sempre extremamente agradáveis, mas o contraste era surpreendente. Realmente era uma pessoa fascinante pelos antagonismos: Doce e firme, sensível e arrebatado, compreensivo e por vezes intolerante, possuía como principal atributo além da inteligência brilhante e da cultura invulgar a vontade inabalável de ajudar a quem se lhe aproximasse.

         Nunca esqueço uma das conversas que tive com ele dentre muitas e que me deslumbrava, embora seus momentos de exuberância nervosa me deixassem tensa e preocupada. Estávamos almoçando juntos como várias vezes acontecia num restaurante de Copacabana no meu querido Rio de Janeiro. Eu era apenas uma garotinha de mais ou menos 13 anos, mas adorava trocar idéias com ele. Havíamos perdido há pouco meu irmãozinho de cinco anos, seu filho  e estávamos todos muito abalados. Nesse período vi que ele era o esteio da minha família em termos de fortaleza e entendimento dos momentos dolorosos da vida. Além da alegria que procurava impregnar à sua volta estava sempre pronto para um momento difícil e tempestuoso. Perguntei.-lhe se voltasse no tempo como seria sua vida. E se ele deixaria de fazer ou mudaria alguma coisa.

        Olhou-me fixando-me seus extraordinários olhos azuis e disse sem vacilar:

        _ Não, filha, não mudaria nada. Faria exatamente a mesma coisa. Daria os mesmos passos, apenas com mais experiência.Não me arrependi de nada do que fiz até hoje. Ninguém evita sofrimentos tentando mudar seu caminho, Vânia. Se não for de uma forma será de outra. Mas o sofrimento existe e teremos que enfrenta-los da melhor maneira tentando achar o modo mais adequado para vencê-los na hora certa. E teremos muitas vezes dias nebulosos e tristes. Assim como passaremos por momentos de felicidade indescritível. Isso se chama viver.

        Não pude responder porque as lágrimas me apertavam a garganta e a admiração interceptava minhas palavras. Mas essa conversa difícil e ainda prematura estão servindo de lição e força nas horas sérias e aflitivas e de estímulo e acolhedora lembrança nos alegres e ruidosos momentos de felicidade luminosa.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Maturidade, uma conquista

Sei que é  difícil falar de maturidade porque frequentemente a confundimos com idade. É claro que é normal que ela venha com o passar dos anos e embora frequentemente estejam juntas as sensações são completamente diversas.

Em geral todos nós temos uma atitude negativa quando pensamos em “tempo vivido” e quando percebemos sinal do tempo, como os cabelos brancos, que começam a aparecer. Aprendemos com tudo que nos cercou desde a infância a encará-la como um lobo mau e geralmente se experimenta um sentimento de nostalgia frente ao mundo dinâmico, brilhante e com novas técnicas induzidas de “juventude”.

À medida que o tempo decorre um pavor vai tomando conta das pessoas como se esse momento não fosse uma nova fase que poderá resultar, malgrado algumas limitações, numa riqueza desconhecida que poderemos explorar com alegria.

A maturidade é um desses pontos positivos embora exista muito jovem com maturidade e velhos que carregam uma infantilidade nada agradável porque sua estabilidade emocional se ressente com a falta de segurança que isso enseja ao contrário do que eles pensam.

A maturidade mais aprazível é aquela que aprendemos com o correr das experiências e uma das formas mais certas de aprendizado é o sofrimento. Quando ultrapassamos aquele período de dor surge uma sensação de segurança e tranquilidade jamais experimentada em outros períodos da vida.

Maturidade é uma aquisição muito feliz e a percepção que podemos dominar nossos próprios dragões e ultrapassar mágoas ou sentimentos pequeninos mudando a cada passo valores que na extrema juventude nos perturbavam é realmente fascinante.No sentido mais amplo.

Os valores mudam muito rapidamente apesar de só notarmos isso repentina e inadvertidamente e quando acontece parece estranho, mas a verdade é que é uma conquista realmente poderosa e bem-vinda.

Quando a maturidade vem junto com valores primordiais de conhecimento, necessidade de saber e procurar aprofundamento de verdades que antes nos passavam despercebidas e principalmente doçura, ternura  pelo mundo, envolvimento em amor universal, preocupação com o outro  e certeza que, embora continuando a errar, e muito, detectamos que precisamos ainda nos aperfeiçoar profundamente, a paz envolve nossas almas.

Claro que nos perturbamos nesse momento ainda mais com a violência, truculência, indiferença, pobreza , fome, desamor mas há uma percepção que podemos lutar com uma força e esperança que só a maturidade nos transmite.

A vaidade passa a atuar mais profundamente em duas vertentes e nos preocupamos com o interior tanto quanto o fazemos com o exterior para que ambas possam não se tocarem mas agirem como duas paralelas que estão sempre juntas sem haver prejuízo para uma ou para outra. Ser bela por dentro e por fora, existe conquista pessoal mais completa?

Esse é o grande segredo da satisfação plena.

Maturidade é compreender que nenhuma mágoa pode ser tão importante a ponto de nos fazer sofrer e que às vezes é melhor não dizer coisa alguma a entristecer o nosso próximo e quanto mais próximo mais precisamos desse exercício de conscientização.

E também entender que as pessoas na maioria das vezes não querem nos ferir quando dizem algo que atinge nossa alma e que é preferível sempre ser magoado a magoar. Pelo menos não teremos nosso coração doendo e poderemos dormir em paz. Mas creio que  só a maturidade é capaz de entender perfeitamente esses conceitos.

A maturidade também nos faz entender que as lágrimas foram feitas para serem derramadas tanto no sofrimento como na alegria e que não é feio chorar quando isso nos alivia e principalmente quando acompanhamos alguém que está precisando de nosso apoio ou compreensão.

 Claro que como seres humanos enfrentamos momentos de tristeza ou depressão passageira mas é importante que se use essa experiência para evitarmos que isso se transforme em doença ou pelo menos se procure ajuda com médicos, terapeutas, analistas e em recursos que a ciência tornou profícua.

Maturidade no sentido mais positivo vem dos anos que já se foram mas consiste em aproveitar os ensinamentos para uma qualidade de vida melhor mas também mais digna enquanto se aprecia com mais objetividade todos os elementos da natureza como fonte de riqueza e engrandecimento da alma e se admira todos aqueles que podem nos transmitir sábios ensinamentos.

Maturidade  é plenitude de dias vividos que resulta em experiências frutificadoras, em olhar o mundo com mais amenidade e sentir que devemos deixar para nossos sucessores um exemplo de amor, saúde, compreensão e intolerância para os próprios erros.
Vânia Moreira Diniz
http://www.vaniadiniz.pro.br
http://academialetrasbrasildf.blogspot.com.br/

terça-feira, 26 de junho de 2012

A Riqueza e a Fome

                                                          Vânia Moreira Diniz
               Não tenho vergonha de dizer que nasci em berço de ouro. Tudo que a vida podia me proporcionar em termos de bens materiais ela o fez. Ali, ao nascer. Meu pai era um homem de muito prestígio, advogado e psiquiatra famoso e respeitado. E todos os meus desejos eram prontamente atendidos.  Olhava tudo isso com naturalidade já que nascera ali e não conhecia outro ambiente. Logo comecei a perceber o quanto a vida era injusta.

        Ao mesmo tempo, muito cedo tive uma visão completamente límpida que tudo isso serviria para conforto e tranqüilidade, mas jamais constituiria o caminho certo da verdadeira felicidade. Pelo menos da minha felicidade. Ainda muita criança perguntava aos meus pais porque havia tanta diferença entre os pequenos que eu via pedindo esmola na rua e eu ou minhas amiguinhas. Eles explicavam ao modo que os adultos procuram convencer as crianças. E a vida continuava. Eu sempre com minhas dúvidas. Minha vida foi oposta à maioria das pessoas. Saí de casa muito cedo para casar, contra vontade de meus pais  e para escolher e traçar meu próprio destino. O conforto excessivo foi trocado pela luta de cada dia. E pude verificar o quanto a vida pode ser difícil. Difícil, porém gratificante quando se procura objetivos.

        Havia uma obra social que as docentes do meu colégio faziam entre os mais necessitados. E cedo pedi para que me deixasse acompanhá-las ao morro  nos dias feriados, para visitar as pessoas que lá moravam. Eu tinha dez anos e durante algum tempo minha mãe proibiu absolutamente mesmo com as professoras, esse passeio que aos meus olhos seria fascinante. Finalmente aos 12 anos meus pais  foram convencidos que teria sempre alguém perto de mim e a contragosto deles subi ao Morro Dona Marta e encontrei um mundo maravilhoso e inusitado. Pobre, triste, devastador pela escassez de conforto, mas encantador pela luta e forças dos que lá viviam. Claro que sabemos o que existe de violência, mas será somente lá? E não terá começado pela desesperança e carência das coisas mais elementares? Como um gesto de carinho? Não estou justificando, mas não sei o que seria de cada um de nós se tivéssemos enfrentado tanta tristeza, miséria e dor!

          A simplicidade e pobreza daquelas crianças me emocionaram e encontramos atrações diversas no modo de viver. Partilhamos experiências em nossas conversas e aprendi muito das suas vivências que me empolgavam. É como se ali, duas vezes por semana, me sentisse completamente livre de qualquer entrave, o que em Copacabana, na movimentada Rua Barata Ribeiro eu não conseguia. Foi uma lição de vida, trocas de sentimentos e sofrimentos antagônicos partilhados mutuamente. Dei aulas aos pequenos que não eram alfabetizados ou que tiveram que sair do colégio para ajudar aos pais.

         Começou aí meu grande ideal que junto à literatura, iria me acompanhar em todos os momentos e que minha mãe brincando comigo chamava de “socialista”

Ver um mundo melhor, menos diferenciado e mais humano constituiu meu pensamento de muitas horas adolescentes. Costumava cismar no enigma da riqueza e da fome.

        Compreendi pouco depois que os sofrimentos são variados e universais e que outros tipos de dores substituem a falta da pobreza e de recursos. Que todos sofrem em menor ou maior grau e também que as alegrias são múltiplas e atingem a todas as camadas.

         Observando, porém no decorrer de minha vida como a pobreza tem aumentado e a miséria vem predominando, vejo o quanto falamos e enunciamos palavras bonitas sem entender o que é a fome. Como podemos entendê-la se essa peste da humanidade é tão devastadora e amarga , deixando pessoas e crianças em lamentável situação de horror e debilidade?

       Que se reproduz mais forte e mais potente enquanto restos de comida são jogados fora e o solo fertiliza maravilhosamente em nosso país? Como entenderemos se nunca passamos por tragédia tão pungente e aniquilante?

. Aí está um espaço em meu site em que falamos da fome, com o apoio de muitos poetas que aderiram ao movimento e muitas e muitas pessoas que me escreveram emocionados. A todos elas eu agradeço com grande carinho. O que lamento é que tudo isso foram apenas gritos no deserto, como com milhares de pessoas que tentam abordá-la ou tem a ilusão que seus lamentos surtirão algum efeito.  Mas continuaremos, sem restrições, com persistência maior que antes, agarrando-nos a qualquer esperança mesmo suave que possa existir.

          Sozinhos não vamos resolver o problema da fome e da miséria, mas podemos ajudar aquele que está ao nosso lado, e ele na medida que possa, ao que está perto dele. Assim sucessivamente. Não solucionaremos, mas amenizaremos, suavizaremos e tentaremos dar um pouco de alento. Vamos então a um asilo, creche ou a uma ou mais famílias que precisam nosso apoio moral, espiritual e material. Sem alardes! Silenciosa!  Ternamente!

          Se todos conseguirmos isso já é uma esperança, que brilhará como uma luz talvez fugidia, mas constante e esperamos que vigorosa.

 Vânia Moreira Diniz

quarta-feira, 13 de junho de 2012


Junho

O Mês de junho sempre foi um dos mais eletrizantes de minha vida. Estávamos ali no meio do ano, quase em férias, os fogos estourando, principalmente à noite, quando todos se reuniam para comemorar cada dia daquele período. Meu pai nascera em junho no mesmo dia da comemoração tradicional e essa festa deixava em meu coração uma alegria irresistível porque tudo era regozijo nessa época distante, mas sempre muito nítida.

Os fogos eram os mais variados e subiam pelo céu azul de Copacabana fazendo rabiscos diversos e formando figuras as mais fascinantes. Quando fixava os pontos já indistintos que se evaporavam no firmamento e submergiam no infinito experimentava uma sensação estranha de que tudo se perdera no nada. E que as imagens de fogo tinham descansado no meio das estrelas.

As noites de junho eram frias e belas e mesmo naquela rua barulhenta e entre muitas pessoas que visitavam a minha casa eu sentia uma estranha paz.

E as quadrilhas improvisadas, as comidas típicas e o quentão característico daquele dia esquentavam o corpo e aqueciam de ternura o coração.

Ainda havia lugar para essa sensação e parece que tudo se foi com o tempo que passou, levando-nos o direito da tranqüilidade, confiança, certeza da solidariedade e verdadeira bondade.

Dia 24 está chegando e já ouço barulho lá longe abafado e pergunto-me com dor no coração se são os fogos comemorativos ou algum tiro perdido de disputas, brigas ou inconseqüência.

Nunca poderia esquecer as festas no fluminense, fantasias estilizadas, a doçura do ambiente, a alegria expressa em cada rosto, animação que ia até pela manhã e cujo final nos entristecia.

A tecnologia foi tomando conta do mundo inteiro, hoje nos comunicamos com o outro lado do universo e podemos receber uma resposta a uma mensagem em poucos segundos, talvez seja difícil o encontro personalizado, olhos nos olhos, mãos dadas passando o calor do sentimento e as repetidas reuniões das pessoas amigas.

São João está próximo e de qualquer forma, vemos crianças animadas, esperando o grande dia e se divertindo como a claridade dos fogos do outro lado da cidade. Crianças mais amadurecidas pelas cenas de violência que presenciam, e menos lépidas pelos divertimentos sem a correria e brincadeiras de outros tempos porque o controle remoto as espera para se divertirem comodamente.

Na verdade o espírito de São João, data sempre esperada e curtida continua a fazer seus efeitos em todas as pessoas especialmente nos pequenos. Voltamos aos tempos de infância e adolescência, tentamos esquecer os últimos acontecimentos e usufruímos aquele prazer ao ar livre, sentindo a sonora risada de todos e perguntando-nos se não é ali que buscamos a energia e animação, cada vez mais longe e tão necessária à manutenção da vida e da felicidade.

São João é uma festa típica brasileira, que por mais que os anos passem e mentalidades mudem não esqueceremos o prazer de vivê-la com intensidade. As danças, as músicas reinventando o interior do país, onde se divertem todos em deleite, unidos esquecidos de quase tudo que não seja aquele momento. Esse é o verdadeiro encanto de Junho vivido especialmente no dia de são João de divertimentos lúdicos inesquecíveis.

Vânia Moreira Diniz
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