Voei hoje em
direção a um lugar especial, longe do barulho, das businas dos carros e da efervescência que
lidera os grandes centros. Imaginei que só o tumulto e o movimento me deixassem
à vontade, mas acordei com a sensação de que precisava me isolar para
compreender o que se passava à minha volta.
Não importava
que fosse domingo, o sol brilhasse luminoso, o tempo estivesse à minha
disposição para usufruí-lo intensamente
e a vida atendesse com suavidade os meus desejos.
Não interessava
que o mundo se apresentasse atraente, o horizonte sem fim, as cores
reproduzissem a beleza seleta e
maravilhosa que meus olhos sempre buscavam e que já encontrasse alguma
esperança no porvir.
Não me
preocupava com a matéria, as ruas fascinantes, o encontro das pessoas em cada
canto, a ternura de olhos a fitarem o infinito ou a certeza que poderia ser
feliz eternamente.
Não me
incomodava com retrocesso do egoísmo, a presença da generosidade, as juras
transbordantes de carinho, a ansiedade que
os dias traziam em suas horas arrastadas ou a certeza de sensações enlouquecidas.
Precisava volitar
em outras paragens com leveza de quem possui asas, intercalar os espaços e
ultrapassar o vento uivante e ligeiro. Passar bem acima do mar infinitamente
belo senti-lo como o aliado que me conduziria acompanhando-me o vôo ilimitado.
Alcançar as
nuvens, enroscando-me em sua claridade, seduzida pelo prateado ofuscante, alucinada pelo espaço
tentador. E prosseguir meu passeio,
bebendo em fontes que certamente mitigariam minha sede, parando às sombras das
árvores, entendendo a voz enérgica da
natureza e encontrando-me com o horizonte que refletiria outro horizonte
inatingível.
E na
seqüência de meu caminho chegar finalmente às estrelas luminosas, mergulhar no
azul profundo do céu a refletir a terra linda e impossível de alcançar.
Queria
encontrar-me com meu espírito inaccessível esquecendo dos deveres, olvidando
compromissos e esticando-me nos campos desse espaço que me acolhe em momento de
abstração e recolhimento. Aprofundar-me nos meus próprios pensamentos e
reminiscências.
Preciso voar
com as asas ondulando em movimentos rápidos e graciosos, recebendo emanações do
espírito, recolhendo sensações fascinantes
que me farão esquecer vivências
pueris e alternar vibrante entre a vida terrestre e a luz sinuosa das estrelas.
E então
sentir-me plena e realizada, palpitante em minha poesia, vagueando entre o
espírito sonhador e a realidade objetiva e árida.
Deitada sob a
limpidez de um ponto ilimitado eu me
curvo diante da beleza e do deslumbre de cada ponto da natureza e sinto-me
privilegiada e agradecida.
Vânia Moreira Diniz
Vânia Moreira Diniz
Grata Vaninha querida, este texto é lindo demais, vôo contigo e solto a imaginação em tua teia de afetos tão bem construída e descrita em letras. Parabéns abraço de tua
ResponderExcluirafetuosamente grata
virgínia
Obrigada Vica querida.
ExcluirFico feliz que me acompanhe nesse vôo>
Beijos
Mana, que texto lindo!!!! Não tenho usado muito a Internet, tempo de recolhimento, rs... Mas ao entrar me deparo com esta viagem que você, com competência e habilidade literária me faz lhe acompanhar. Caminhos, sonhos, reflexões e uma enorme consciência da maravilha que é a vida... Isto é o que você nos ensina, em seu silêncio que revela sua alma de poeta. Parabéns!!!1bjs. Saudades!!!!
ResponderExcluirEsse tempo de recolhimento é importante e eu compreendo, mana.
ExcluirPor vezes temos que nos recolher para dar um descanso à nossa alma e procurar metas traçadas.
Obrigada pelo carinho de suas palavras que como sempre me tranquilizam muito.
Beijos e carinho.