Editorial do Portal Vânia Diniz
A Escuridão dos Que Enxergam
Vânia Moreira Diniz
Vânia Moreira Diniz
Passamos esses meses entre tristezas e alegrias reconhecendo os bons
momentos e lamentando saber de tanta brutalidade no mundo em guerras
intermináveis e no egoísmo mórbido. Para isso os momentos das descobertas, dos
gestos de ternura, das comemorações em que o “humano” se mostra e encanta,
enternecem e alegram.
A morte que não compreendemos e
o nascimento em que o pequeno ser ingressa no mundo, reticente e indecifrável,
chorando com a entrada desconhecida do oxigênio nos pulmões depois de nove
meses no paraíso que o recebeu e foi abrigo para seu crescimento. Quando
observamos uma criança que nasce pensamos qual será seu futuro tão desconhecido
em que os instantes se sucederão num ritmo alucinante de contrastes.
Tudo isso me ocorreu ao escrever o editorial e relembrei tal como já
descrevi os momentos em que resolvemos empreender esse caminho bem cercadas
pelos colunistas que iam chegando e o entusiasmo que nos dominou.
Em nenhum momento pensamos em desânimo e é com o mesmo alento que editamos,
procuramos acontecimentos novos, notícias literárias e publicamos as colunas
dos vibrantes escritores que formam a equipe deste Portal.
Voamos então para paragens diversas e experimentamos a sensação das
notícias esquecendo até que tudo na vida é inesperado. Nesse momento a nossa fé
inabalável nos conduz por caminhos de sonhos em que o trabalho consegue compor
o layout que tem encantado os nossos leitores. E o conteúdo se faz preciso e
interessante.
Nada mais fascinante do que quando bem pequenos observamos o nada
transformado em uma obra simbolizada nos sinais aprendidos que serão
responsáveis por um mundo diferente de histórias, conhecimento e aprendizado.
Estou falando de nós, os privilegiados desse planeta que tivemos oportunidade de ter acesso às
informações as mais diversas principalmente com a evolução da humanidade e a
supremacia da tecnologia.
Estou me referindo às pessoas que desde cedo conseguiram em suas vidas
o toque inebriador do saber, a afinidade com a
literatura ou o convívio com pessoas experientes na presença mágica da
poesia. E Admiraram o canto dos pássaros, a beleza da natureza penetrando a
alma de outros seres no dialogar inspirador de troca de idéias ou repasse de
verdades e informações.
Estou me referindo ao subjetivo presente e maravilhoso do “viver”
intensamente.
O progresso evolui lembrando-nos as pessoas que não puderam ser
tocadas por essa luz e vivem na escuridão do analfabetismo numa era em que a
ciência está aqui tão perto de todos. Talvez essa seja a maior violência
cometida contra o ser humano no século avançado em que vivemos, na era da
globalização e no advento da tecnologia.
O Portal Vânia Diniz lutando para que a literatura seja a arma mais
potente contra a marginalização, a brutalidade e a indiferença não pode deixar
de concluir que os maiores excluídos
desse planeta são os que ainda não tiveram acesso às letras e uma escuridão
tolda seus olhos perfeitos.
São as vítimas do analfabetismo
em primeiro lugar que precisamos incluir entre nós e cada um poderá dar um
pouco de si, escolhendo a forma de ajudar e contribuir para que todas as
pessoas sejam afastadas dessa cegueira perversa e incompreensível.
Excluídos são os que estão marginalizados por um sistema que não os
deixam se aproximar da acessibilidade que têm direito para uma melhor qualidade
de vida. Esse ingresso no planeta deveria ser gloriosa para todos que nascem um
dia aspirando com dificuldade o ar do oxigênio, alimentados e desenvolvidos por
um útero materno e que um dia experimentarão como todos a finitude do caminho.
Para eles a nossa batalha, para que possam enxergar o que seus olhos esperam
com ansiedade.
Lutando, concretizando o sonho do conhecimento para quantos existam no
mundo, batalhando pela educação e ensino desde as crianças e resgatando a
alfabetização para aqueles que não puderam alcançá-la, estaremos lutando pela
inclusão dessas pessoas marginalizadas por uma sociedade apática e
indiferente.
Vânia Moreira Diniz