Cheguei do enterro de um primo muito querido, que me conheceu quando eu era ainda pequena e praticamente acompanhou minha trajetória através do contato que tínhamos.
Conheci Heliomar na casa de meu avô que reunia jovens estudantes e discorria sobre todos os assuntos com sua grande sabedoria.
Nesse tempo eu era uma criança e ficava encantada com os debates que muitas vezes não compreendia, mas gostava de assistir.
Mais tarde quando já estava casada mudei-me para Brasília e pouco depois meu primo veio também com sua família por motivos de trabalho. Sua mulher e eu tornamo-nos muito amigas. Eloísa é uma mulher inteligente, bondosa, desprendida e houve uma empatia que perdura até hoje.
Vi meus priminhos, Virgílio, Márcio e Fernanda que atualmente são adultos crescerem e meu marido e eu somos ligados profundamente à toda essa parte da minha família que só nos trouxe momentos de alegria nos encontros, no congraçamento, nos abraços saudosos e na acolhida maravilhosa que eles nos dão. São os únicos parentes que temos na capital além da família que constituímos.
Fico impressionada como somos imprevisíveis diante da finitude da vida. Se pensássemos mais nesse insondável mistério haveria certamente um mundo mais compassivo, ameno, sem egoísmo , inveja ou outro sentimento negativo.
Vamos morrer um dia e não sabemos quando, por que então não curtirmos as alegrias, a companhia das pessoas queridas, os momentos em que sentimos nossos irmãos de caminhada felizes e porque não compartilhamos com eles nossos momentos mais auspiciosos?
Heliomar era uma pessoa maravilhosa, incapaz de ofender quem quer que fosse, espirituoso e vibramos muitas vezes de seu modo de encarar a vida , de sua persistência e da cultura infindável que revelava em todos os assuntos e isso porque a leitura era seu paradigma.
Digo isso não porque ele não está mais entre nós, mas pela admiração que sempre nutri pelo meu primo. Quando menos se esperava se saía com uma frase e fazia rir todos que estavam perto dele. Não o fazia propositalmente, porém com a naturalidade que lhe era inerente.
Encontrei no velório o irmão de Heliomar, Virgílio, que mora no Rio , que eu também admirei desde muito cedo e que foi músico do Conservatório Nacional de Música e continua a interpretar ainda hoje com seu maravilhoso violino. Recordo-me que eu ficava absorvida e fascinada quando o via tocar.
E como a vida nos separou tanto a ponto de não vê-lo durante tantos anos e só acontecer esse encontro numa ocasião tão triste? Por que somos capazes de nos distanciar de pessoas que amamos e admiramos?
Para ilustrar o caráter de Heliomar as suas últimas palavras antes de entrar em coma foi: “Obrigado por tudo! “
Vá, primo, sei que só poderá estar num lugar de muita paz e luz intensa, mas fique certo que todos que privaram de sua convivência sentirão muita falta de você. Até breve!
Vânia Moreira Diniz
Vânia Moreira Diniz
Cara amiga e Presidente,
ResponderExcluirReceba meus mais sinceros pêsames pela perda dessa pessoa que, pela descrição que nos é feita, deixa uma lacuna expressiva na Sociedade e no seio de sua família.
Dou-lhe inteira razão, em sua sábia e cristalina reflexão sobre a morte! A morte, se considerada em toda a sua extensão, tornaria a vida mais amena, e a vaidade das pessoas menos exacerbada. Há poucas semanas, eu, que vivia em 2011 um ano de grande reconhecimento em minha vida cultural, fui isolado em casa por conta de uma tosse convulsiva. Tudo, mas tudo mesmo, tornou-se impossível, nenhuma atividade me era permitida pelo incômodo do ato de tossir convulsivamente. Naquela ocasião, pensei muito a respeito do assunto, e fiquei ainda mais convicto sobre a importâncaia da humildade e a grandeza e importância da finitude da vida. O ser humano seria insuportável, se não fosse finito, se não estivesse condenado ao pó e ao desaparecimento. Embora a ocasião não seja a mais adequada, gostaria de cumprimentá-la pelo texto fúnebre, eivado de sabedoria e humanidade, uma lição para nós, seus leitores.
Embora não a conheça, aproveito para pedir-lhe o favor de transmitir a dona Eloísa meus sentimentos pelo falecimento do dr. Heliomar. Casualmente, fiz agora uma valsa com um parceiro saxofonista, Geová Lins, com o nome de Eloísa. Há uma bela história envolvendo essa música e essa outra Eloísa. Tenho agora um bom motivo para mostrá-la a minha Presidente e ao amigo Paulo. É meu lado distante do Coral Alegria, do qual você praticamente só conhece a "Valsa Para Vânia".
Mas, sobre isso, falaremos em outra ocasião. No momento, quero apenas solidarizar-me com os amigos pela grande perda que tiveram de enfrentar. Deus saberá explicar melhor do que nós esses fatos da vida.
Grande e pesaroso abraço!
Nestor Kirjner.
Que “coisa” triste amiga!
ResponderExcluirÉ assim mesmo... Meus, os nossos profundos sentimentos.
Ontem, também, fiquei muito triste. Eu e Brito fomos ao piano ao cair da noite, local, onde sempre nos distraímos e
para nossa tristeza, lá ficamos sabendo que um grande pianista de Brasília, Felício Bocomino, foi sepultado ontem à tarde.
Quantas alegrias nos deu o Bocomino! Sempre alegrando os nossos corações, nos clubes, nas residências e ali no PIANO da Lúcia Garófalo, por mais de 2 décadas.
Que Deus reserve um lugar de luz e paz, para os 2 – seu primo Heliomar e o Felício Bocomino.
Grande abraço,
Da amiga, Meire-Brito
Meireluce Fernandes da Silva
Amiga Vânia Diniz:
ResponderExcluirParabéns pela vida de seu primo Heliomar !
Certamente estará sentado no trono, ao lado de Deus
Amei suas reflexões sobre nossa tão curta passagem pela terra.
Deixamos passar os melhores momentos de nossa existência , ignorando nossos entes queridos e diletos amigos.
Quando nos damos conta, PARTIRAM !
Abraços. Saudades e meus sentimentos
Palmerinda
Vânia, amiga minha, que lindas palavras. Estou emocionada. "Fico impressionada como somos imprevisíveis diante da finitude da vida." Eu também fico! Um beijo enorme e um abraço amoroso.
ResponderExcluirBetta Doelinger
"...Fico impressionada como somos imprevisíveis diante da finitude da vida. Se pensássemos mais nesse insondável mistério haveria certamente um mundo mais compassivo, ameno, sem egoísmo , inveja ou outro sentimento negativo.
ResponderExcluirVamos morrer um dia e não sabemos quando, por que então não curtirmos as alegrias, a companhia das pessoas queridas, os momentos em que sentimos nossos irmãos de caminhada felizes e porque não compartilhamos com eles nossos momentos mais auspiciosos?..."Vânia Moreira Diniz
Manamiga Vaninha que beleza de reflexão, lamento pela partida deste plano pelo Primo, mas que eternizado está em tua e muitas lembranças, vivencias mto. caras. Parabéns escritora tão querida !
abraços de admiração e sempre gratos por tanto que nos transmites em texto sobre o que vale realmente ...és minha doce mestra de vida e letras..
tua vica * virgínia fulber - NHamburgo RS BR.
"...Fico impressionada como somos imprevisíveis diante da finitude da vida. Se pensássemos mais nesse insondável mistério haveria certamente um mundo mais compassivo, ameno, sem egoísmo , inveja ou outro sentimento negativo.
ResponderExcluirVamos morrer um dia e não sabemos quando, por que então não curtirmos as alegrias, a companhia das pessoas queridas, os momentos em que sentimos nossos irmãos de caminhada felizes e porque não compartilhamos com eles nossos momentos mais auspiciosos?..."Vânia Moreira Diniz
Manamiga Vaninha que beleza de reflexão, lamento pela partida deste plano pelo Primo, mas que eternizado está em tua e muitas lembranças, vivencias mto. caras. Parabéns escritora tão querida !
abraços de admiração e sempre gratos por tanto que nos transmites em texto sobre o que vale realmente ...és minha doce mestra de vida e letras..
tua vica * virgínia fulber - NHamburgo RS BR.
http://alemmarpeixevoador.blogspot.com/
Vânia querida
ResponderExcluirLi o texto sobre a grande perda de seu primo querido e só posso lhe dizer que esse final de todos nós dói demais como você bem afirmou. Meus pêsames e um grande abraço à família de Heliomar
Maria Lindgren_______________________________________
Vania querida...É mto triste perder pessoas assim, tão maravilhosas. Mas elas continuam a viver através daqueles que lhes enxergaram a alma, no que há de mais grandioso. Imagino a tristeza que está sentindo...Bjos
ResponderExcluirGeorgina Albuquerque