segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Meu Horizonte


            Por   Vânia Moreira Diniz

Ando pelos campos do inconsciente,
Freqüento o delicado subconsciente,
Visito meu superego e procuro proteção,
E me detenho no ego contrastante.

E as lembranças silenciosas e amenas,
Perduram e se fixam indelevelmente,
A proteção eu procuro com avidez,
E luto pelos ideais tão sonhados.

Nesse passeio prefiro descansar,
Pairar procurando proteção constante
E para isso peço forças ao meu superego
Na esperança de jamais me conturbar.

Arrebatada pelo dourado horizonte,
Onde encontro cópia de meus sonhos,
Delineio e peço ao subconsciente,
Que não me deixe esquecer esse fascínio.

Encontro então as doces lembranças,

Consigo me fixar no que almejei,
Em momentos de suavidade e devaneio,
E me realizo enfim, doce e extasiada.
Vânia Moreira Diniz

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dia do Advogado-Homenagem a meu Pai


por Vânia Moreira Diniz
 Texto dedicado também à minha irmã Cristina Arraes que cresceu comigo, presenciou e  sentiu as mesmas emocões descritas
Essa é uma data especial para mim. Minha família se dividia entre advogados e médicos, sendo que muitos deles escritores e jornalistas. E a figura que sempre vi como o legítimo representante dessa classe da justiça foi meu pai.
Era uma figura ímpar. Muitas vezes como qualquer filho tive divergências com ele.Mas amava-o e admirava-o profundamente.Em muitas e muitas ocasiões ficava considerando como era enaltecido em seu meio e como as pessoas tinham nele uma cega confiança. Dedicava-se com um carinho e profissionalismo profundo a seus clientes e como era Procurador da Fazenda também, suas atividades eram demasiadamente dirigidas ao Direito. Para mim, naquela época era um legítimo representante de uma “entidade superior.”
Aproximando-se o dia que homenageia o advogado lembro-me com especial carinho de meu pai e avô materno. Mas hoje vou falar mais de meu pai para que em outra oportunidade relembre com amplidão a de meu querido avô.
Alto e magro, muito elegante o rosto de traços marcantes e olhos profundamente azuis e penetrantes que chegavam a esfriar o coração quando ele fitava com severidade mas sabia derretê-lo nas horas de conforto e demonstrações de amor.
Gostava de ir ao seu escritório imenso onde se juntavam as salas dos assistentes e estagiários formando uma plêiade dos profissionais do direito.
Na entrada a secretária que sempre me recepcionava com alegria e um sorriso animado, convidavam-me ao convívio num ambiente que eu amava.
Aprendi com ele que ser advogado era ser justo, ético e possuir um caráter reto, indomável, consciente e sempre disposto a ouvir as razões que se lhe apresentavam. Algumas vezes, a pedido meu, acompanhava-o ao Tribunal de Justiça onde se realizavam as audiências e me fascinava com as vestes dos advogados e a toga do juiz que simbolizavam poder e justiça naquele momento que o julgamento era feito. Ali de longe, meu pai parecia um ser “onipotente”
Na minha casa, muita tarde já, de madrugada, quem chegasse até seu gabinete, o veria trabalhando e escrevendo. Sua profissão era exercida com tanto amor que até nós, crianças, compreendíamos a vibração que parecia emanar de sua figura já por si só imponente.
Fazia constantemente palestras em que seu poder de oratória e a voz potente e o talento raro de improvisar com brilhantismo, soavam emocionando a todos que o ouviam o que me deixava encantada e transmitia-me uma segurança que eu não saberia explicar.
Jamais esquecerei quando era ainda uma criança e fui com toda a família assistir à sua posse num cargo de direção na Ordem dos Advogados e ternamente escuto, totalmente sensibilizada, essas palavras que refletem em meus ouvidos com estranha e clara precisão. Claro que não as decorei, mas o som, a música de sua voz e a tradução de suas frases perfeitas e elegantes sempre serão um eco embriagador.
Sobre a humildade ele assim se manifestou:
“Ao ingressar nesta tradicional instituição, na qual têm assento as mais ilustres e representativas figuras da cultura jurídica brasileira, imponho a mim o dever de consciência sobre a minha pessoa, empenhando esforços para fugir a qualquer exagero de valorização e a qualquer modéstia forçada”.
“Tenho na mais alta conta a virtude da humildade, procuro sempre pautar os meus atos pelas regras da modéstia. Mas o conceito que formulo de humildade não é de caráter exterior, obedecendo a movimentos de fora para dentro. Não. Humildade, para mim, reduz-se ao conhecimento exato das nossas possibilidades, do que somos dentro do mais puro realismo. A humildade que nega os méritos do indivíduo traduz-se em orgulho, pois visa, antes e acima de tudo, a provocar dos espectadores manifestações de discordância, exarcerbando-se qualidades inexistentes.”
Poderia ficar horas falando do seu brilhante espírito, inteligência e retidão e contando passagens fascinantes de sua vida, mas desejo por hoje em nome de meu pai homenagear o DIA DO ADVOGADO, os seus bravos e lutadores componentes, a justiça do Brasil que ainda nos deixa guardar um pouco de esperanças merecidas e ao mesmo tempo evocar a figura do magnífico advogado Dr. Rocha Moreira que encheu minha vida e a de meus irmãos de muitos ensinamentos e amor e que soube com rara capacidade e dedicação elevar a imagem do verdadeiro advogado.
Vânia Moreira Diniz

sábado, 6 de agosto de 2011

Pai, hoje não quero pedir... Por Vânia Moreira Diniz


Hoje não quero pedir. Tenho a impressão que de uma forma ou de outra sempre pedi a vida inteira alguma coisa a meu pai. Mesmo que não tenha sido explicitamente.

Nesse momento desejo agradecer. Agradecer a oportunidade que tive de usufruir de sua companhia, de seus ensinamentos, de suas palavras, de sua inteligência, do modo como olhava os filhos, misto de suavidade e severidade, da maneira aberta como conversava conosco, da preocupação com nossos estudos, com nossas tristezas e alegrias, da expressão de seus olhos procurando uma maneira de saber se estávamos bem.

Ele era um homem do futuro, mas ao mesmo tempo em certas coisas achávamos que era estranho o contraste de sua liberalidade e do modo como  era rígido em certos aspectos.

Admirava meus vestidos curtos, os decotes ousados, os namoros, as festas ou o prazer como me divertia, mas ao mesmo tempo proibiu que eu fizesse teatro. Ficávamos estonteados pela reação austera de certos pensamentos, porém imaginávamos que tinha a influência de minha mãe.

Embora profundamente inteligente e preparado a influência de minha mãe era evidente e por vezes embora ele tenha concordado com algo que lhe pedíamos, sabíamos que tudo poderia mudar se a mulher fosse de opinião contrária.

Tenho saudades dele, de seu modo de ser, de sua gargalhada sempre tão espontânea, da roda de amigos, das reuniões em casa, das festas de aniversários, dos presentes e surpresas com que nos homenageava.

Desejo agradecer o amor sem limites com que nos cercava e como precisei dele em várias ocasiões diversas e imaginava que estava vivo, sempre pronto a conversar sobre todos os assuntos, fixando-nos com seus olhos azuis e profundos.

Mesmo assim em muitas ocasiões contemplo sua foto em frente ao meu computador e a impressão que tenho é que está me compreendendo quando fico a recordar várias ocasiões, muito crente que ele está me ouvindo ou lendo as palavras que estão prestes a sair.

A justiça era sua maior qualidade, o senso de igualdade, de generosidade ou a mão estendida sempre que alguém precisava. Por isso desejo agradecer a Deus ter passados tantos anos em sua companhia, podendo receber tudo de bom que fluía de seu espírito aprendendo lições que certamente jamais aprenderia em livros.

Gostava imensamente de música clássica ou mesmo popular e aos Sábados acordávamos com o som maravilhoso que enchia a casa inteira de harmonia traduzida nessa arte de sentir cada nota que vibrava.

O meu agradecimento não cessará nunca. A certeza de um mundo que poderá sempre melhorar, a confiança nas pessoas, o amor pela humanidade, a confirmação que as pessoas boas sempre estarão em maior quantidade, a vontade de estudar e saber cada vez mais, a necessidade de ampliar e ter cuidado para não magoar as pessoas, a certeza que o perdão está acima de qualquer ressentimento, a ética que praticava incondicionalmente e a alegria de viver tudo isso eu apreciei dentro da minha casa e só desejo que consiga praticá-los.

Obrigada, pai.! Obrigada por ter me ensinado um caminho suave, de ter podido conviver com você tantos anos e de ter me deixado noções exatas da humanidade verdadeira.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

LUZ, SOL, AVANTE Para minha irmã Cristina Arraes

Vânia Moreira Diniz

Uma rua está chegando ao fim
Mas quantas estão à sua espera,
Espaços  imensos cheios de luz,
Talvez mais prazerosos e iluminados.

Não, não deixe que seus olhos
Reflitam dúvidas ou incertezas,
Não vê ali o horizonte lá longe?
Caminhe segura em sua direção.

Quantas surpresas esperam esse momento?
A vida que ilumina a estrada que ignorou
E agora parece nítida,  linda e sedutora,
levando-a para projetos diversos e encantadores!

Vamos andando, sentindo agora o porquê,
Entendendo o que parecia escuro e inacessível,
E no instante seguinte reaparece o sol quente,
mostrando-lhe a esperança,o futuro e a flicidade.

Avante, avante, não hesite no caminhar seguro,
Procure entender a linguagem de outras fases .
agradecendo o que se foi e o que está por vir,
avante, minha mana, avante, estou com você.

Vânia Moreira Diniz
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