segunda-feira, 25 de julho de 2011
HOMENAGEM AO ESCRITOR DA MINHA VIDA
Escrever é a conscientização de tudo que se encontra interiormente e é transcrito durante toda uma vida. Ficção, realidade ou ambas mescladas estão ali formando as frases que a alma do escriba deixou em versos ou prosa.
Assim como qualquer artista, o escritor derrama sua sensibilidade, sabedoria, experiência, aprendizado ou análise literária ou técnica com a mesma profundidade do ator que o representa ou do artífice que molda suas obras com a alma nas mãos.
Passado, presente ou futuro o escritor está sempre sob a influência de imagens ou conhecimentos que se fixaram e é repassado com o instintivo calor do talento ou dom com que foi agraciado.
Falo na minha família porque foi lá que observei os primeiros movimentos antes mesmo de entrar no colégio e quando ainda não tinha noção do que estava sendo feito.
Meu avô, Raymundo de Monte Arraes foi o grande artífice, o artesão das palavras que pouco depois eu lia encantada, admirando o valor do conteúdo que estava ali entre os milhões de livros que compunham sua biblioteca.
Com ele aprendi o sentido da vida, o valor da escrita e da leitura e observei o quanto queria passar aos jovens o seu conhecimento para que eles pudessem adquirir “algo que ninguém lhes podia tirar”.
Sua casa sempre cheia de estudantes e de colegas escritores foi uma fonte de conhecimento para mim e quando aos seis anos disse a ele que queria ser escritora , senti em seus olhos uma chama de emoção que na ocasião não poderia saber o que significava. Hoje imagino que ele não tivesse muito certeza de minha resolução pela pouca idade, mesmo assim na mesma hora passou a me chamar de “minha pequena escritora” o que foi para mim um motivo de alegria e orgulho.
A partir daí comecei a escolher nas bibliotecas de meu pai e avô os livros que os autores que me chamavam atenção mas como já disse várias vezes os primeiros livros sem figurinhas que li foi Monteiro Lobato, autor pelo qual me apaixonei perdidamente. E daí em diante não parei mais de ler compulsivamente.
Hoje é dia do escritor e isso me comove não só pela figura mais importante de minha história que foi meu avô, mas pelos muitos autores que fizeram com que eu me alheasse do mundo completamente e vivesse as páginas que “devorava” com sofreguidão.
Agradeço a meus pais, meus avós, meus mestres que me orientaram e deram uma oportunidade ímpar e uma visão da vida, do mundo, valores imprescindíveis e a todos os autores e educadores por intermédio dos quais pude dar passos importantes na minha vida dedicando-me à escrita com amor inigualável.
Na oportunidade desejo dizer o quanto é importante conviver com meus colegas, escritores brilhantes que iluminam meu caminho e a todos os colaboradores de um trabalho que me absorve e que sem eles não teria sido possível realizar.
No entanto peço licença a todos para homenagear especialmente ao Escritor Raymundo de monte Arraes, meu avô com quem aprendi a essência de todos os valores primordiais da existência e encontrei o incentivo e a orientação para que pudesse persistir na escrita com fascinação.
Pena que neste momento de um mundo globalizado, progressos estupendos e conscientização de minha própria experiência ele não possa estar aqui. Mas tenho convicção, que de onde estiver estará apreciando os frutos que deixou em seus livros, um dos quais foi reproduzido e homenageado pela Universidade Nacional de Brasília (UNB)
Vânia Moreira Diniz
Vânia Moreira Diniz
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Meu Velho Amigo- dedicado ao dia do amigo -20 de julho
Hoje acordando e ainda meio sonolenta senti uma estranha sensação. Meu corpo estava descansado, mas uma agitação tomava conta de mim como se tivesse algo muito sério para resolver. Lembrei-me então que era aniversário de morte de um homem que conheci aqui em Brasília e que tinha por mim um carinho de pai. Ele e dona Ramona foram meus vizinhos e em muitos episódios transbordaram minha vida de ternura. (Ela ainda é).
A família é muito especial e todos foram e são importantes em minha caminhada. Vou falar especialmente dele justamente por causa da data já mencionada.
Era um homem singular. Paraguaio de nascimento com um temperamento forte e explosivo, não media palavras nem argumentos quando queria expressar a sua “rude” sinceridade. E rude, apenas porque não era lapidada já que na verdade era uma pedra preciosa.
Muitas vezes quando queria me controlar como se fosse meu pai, expressava esse carinho de maneira tão exótica, que eu me assustava. Mas não concebia a idéia de passar um dia sem me ver. E Dona Ramona ria da maneira pela qual ele queria dirigir os acontecimentos que no seu entender poderiam ser-me nocivo.
Em diversas ocasiões quando conversávamos em família, porque na verdade, passei a pertencer a ela de uma maneira profunda e completa, contava-me sua vida, e todos as lutas que tivera para sobreviver.Eu apreciava aquele contador de histórias, embora muitas vezes Dona Ramona tivesse lhe dito:
-Para de falar sobre isso. A menina já deve estar enjoada de lhe escutar.
Eu afirmava tranqüilamente que me sentia bem ouvindo, o que era a mais absoluta verdade. Sabendo quão pouco meu velho amigo havia estudado, e observando suas tiradas por vezes espirituosas, divertia-me muito, com a naturalidade com que era capaz de dizer qualquer palavra mais “insultuosa” à própria filha, sem se alterar.
O que toda a família e os amigos notavam, era que comigo ele tinha um modo particular de se dirigir, apesar de tudo. Eu tinha um imenso carinho por aquele homem aparentemente grosseiro, mas cujo coração eu aprendera a conhecer e a amar. E que sem dúvida alguma, e muitas vezes, me fizera papel de pai.
Lembro-me que à noite recolhido em seu quarto, gostava de ficar sozinho meditando, e ninguém, nem a mulher e nem a filha tinham licença para entrar. A única que privava dessa especial concessão era eu. Muitas vezes indo lá para desejar Boa noite, batia levemente em seu quarto enquanto ele respondia:
- Entre minha filha.
Sentava-me então em uma poltrona perto de sua cama, e ele me perguntava e queria saber os acontecimentos todos do dia, aconselhando ou aprovando o que eu relatara, porém continuamente mostrando seu interesse. Quando Dona Ramona precisava dele nessas primeiras horas da noite, sempre solicitava que eu fosse a intermediária.
Hoje comentamos isso com nostalgia porque sua ausência faz-nos rememorar muitos fatos vividos com intensidade. E o que nunca esqueço, foi o dia em que atravessando a rua com a mulher, precipitou-se e foi atropelado. Foi uma fase difícil em que seu rosto machucado e com ossos quebrados, exigiam da família paciência e dedicação. Estive sempre a seu lado, procurando ou pelo menos tentando suavizar aqueles dias difíceis, e dar a família uma força que sozinhos teria sido mais complexo.
Quando começou a comer alguma coisa, só podia tomar sopa e assim mesmo bem lentamente, no copo, porque uma colher aumentaria sobremaneira suas dores musculares e faciais. Mas negou-se peremptoriamente a fazê-lo. Dizia ele que não era criança para tomar sopa dessa maneira, e que não o faria. Olhei-o pensando um jeito de convencê-lo e via na atitude de Dona Ramona um pedido de ajuda
Falei-lhe então:
-Eu adoro tomar sopaem copo. Podemos fazer isso juntos
- Não acredito nisso. Nunca vi você fazer uma coisa dessas! Não é do seu estilo.
-É, normalmente não faço. Mas acho que é diferente. Se tivesse uma companhia eu o faria.
O meu amigo observou-me gemendo com o sorriso que instintivamente lhe contraiu os lábios ainda machucados, e falou devagar para não aumentar a contração:
- Não sei se você está falando a verdade, mas vai ser divertido. Aceito!
Minha mãe “substituta” e Maria Célia, sua filha, riram sinceramente aliviadas. E desde ai até sua completa recuperação eu tomava deliciosas sopas, absorvendo devagarzinho no copo, ao compasso do meu anfitrião e até divertida por uma prática que nunca exercitara.
Morreu muito depois do acidente minado por aquela doença que costuma debilitar cada parte do corpo enfermo: Câncer.
Até o fim foi para mim um velho amigo sempre presente e a seu modo solícito e carinhoso, realçando e enriquecendo a minha vida e tentando me transmitir um pouco de sua experiência, força e resistência nas intempéries que ainda surgiriam.
A família é muito especial e todos foram e são importantes em minha caminhada. Vou falar especialmente dele justamente por causa da data já mencionada.
Era um homem singular. Paraguaio de nascimento com um temperamento forte e explosivo, não media palavras nem argumentos quando queria expressar a sua “rude” sinceridade. E rude, apenas porque não era lapidada já que na verdade era uma pedra preciosa.
Muitas vezes quando queria me controlar como se fosse meu pai, expressava esse carinho de maneira tão exótica, que eu me assustava. Mas não concebia a idéia de passar um dia sem me ver. E Dona Ramona ria da maneira pela qual ele queria dirigir os acontecimentos que no seu entender poderiam ser-me nocivo.
Em diversas ocasiões quando conversávamos em família, porque na verdade, passei a pertencer a ela de uma maneira profunda e completa, contava-me sua vida, e todos as lutas que tivera para sobreviver.Eu apreciava aquele contador de histórias, embora muitas vezes Dona Ramona tivesse lhe dito:
-Para de falar sobre isso. A menina já deve estar enjoada de lhe escutar.
Eu afirmava tranqüilamente que me sentia bem ouvindo, o que era a mais absoluta verdade. Sabendo quão pouco meu velho amigo havia estudado, e observando suas tiradas por vezes espirituosas, divertia-me muito, com a naturalidade com que era capaz de dizer qualquer palavra mais “insultuosa” à própria filha, sem se alterar.
O que toda a família e os amigos notavam, era que comigo ele tinha um modo particular de se dirigir, apesar de tudo. Eu tinha um imenso carinho por aquele homem aparentemente grosseiro, mas cujo coração eu aprendera a conhecer e a amar. E que sem dúvida alguma, e muitas vezes, me fizera papel de pai.
Lembro-me que à noite recolhido em seu quarto, gostava de ficar sozinho meditando, e ninguém, nem a mulher e nem a filha tinham licença para entrar. A única que privava dessa especial concessão era eu. Muitas vezes indo lá para desejar Boa noite, batia levemente em seu quarto enquanto ele respondia:
- Entre minha filha.
Sentava-me então em uma poltrona perto de sua cama, e ele me perguntava e queria saber os acontecimentos todos do dia, aconselhando ou aprovando o que eu relatara, porém continuamente mostrando seu interesse. Quando Dona Ramona precisava dele nessas primeiras horas da noite, sempre solicitava que eu fosse a intermediária.
Hoje comentamos isso com nostalgia porque sua ausência faz-nos rememorar muitos fatos vividos com intensidade. E o que nunca esqueço, foi o dia em que atravessando a rua com a mulher, precipitou-se e foi atropelado. Foi uma fase difícil em que seu rosto machucado e com ossos quebrados, exigiam da família paciência e dedicação. Estive sempre a seu lado, procurando ou pelo menos tentando suavizar aqueles dias difíceis, e dar a família uma força que sozinhos teria sido mais complexo.
Quando começou a comer alguma coisa, só podia tomar sopa e assim mesmo bem lentamente, no copo, porque uma colher aumentaria sobremaneira suas dores musculares e faciais. Mas negou-se peremptoriamente a fazê-lo. Dizia ele que não era criança para tomar sopa dessa maneira, e que não o faria. Olhei-o pensando um jeito de convencê-lo e via na atitude de Dona Ramona um pedido de ajuda
Falei-lhe então:
-Eu adoro tomar sopa
- Não acredito nisso. Nunca vi você fazer uma coisa dessas! Não é do seu estilo.
-É, normalmente não faço. Mas acho que é diferente. Se tivesse uma companhia eu o faria.
O meu amigo observou-me gemendo com o sorriso que instintivamente lhe contraiu os lábios ainda machucados, e falou devagar para não aumentar a contração:
- Não sei se você está falando a verdade, mas vai ser divertido. Aceito!
Minha mãe “substituta” e Maria Célia, sua filha, riram sinceramente aliviadas. E desde ai até sua completa recuperação eu tomava deliciosas sopas, absorvendo devagarzinho no copo, ao compasso do meu anfitrião e até divertida por uma prática que nunca exercitara.
Morreu muito depois do acidente minado por aquela doença que costuma debilitar cada parte do corpo enfermo: Câncer.
Até o fim foi para mim um velho amigo sempre presente e a seu modo solícito e carinhoso, realçando e enriquecendo a minha vida e tentando me transmitir um pouco de sua experiência, força e resistência nas intempéries que ainda surgiriam.
Vânia Moreira Diniz
terça-feira, 19 de julho de 2011
A ESTRELA
A estrela me acompanha
A tantos, tantos anos, com ela converso,
Nos dias de alegria brilha com entusiasmo,
E já sei avaliar o que vai me contar.
Relatei-lhe sempre os felizes sucessos,
Horas de fracasso e desânimo,
Tristezas que se acercaram, indiscretas,
Ou a dor quando se aproximou, vigorosa.
Ela respondia-me brilhando,
Otimista quando meus olhos lacrimejavam,
Controlada quando revelavam exagero,
E sempre sensata em conselhos e confidências.
Jamais me desanimava, porém evitava,
Que algum orgulho insistente,desmedido,
Transbordasse inútil e inadequado,
Iludindo e distorcendo a razão objetiva.
Nos longos anos me seguia discreta,
Nos silêncios respeitava as mudas crises,
Na euforia resplandecia cintilante
E nunca se alegrava em males ou desditas.
Ela está aqui e agora sempre acompanhando,
Lume intenso e forte que não me deixa cair,
Luz de verdade e consciência alertas,
A indicar a estrada em seguros e suaves atalhos.
Parece distante, mas transmite segurança,
No momento exato reduz o longo caminho
Sem alardes ruidosos ou gritos agudos
E protetora se acerca fugaz e confortadora.
Vânia Moreira Diniz
segunda-feira, 18 de julho de 2011
GRITO DE LIBERDADE
Meu coração exprime alegria,Como um pássaro voa e canta, deixo-o solto, pleno, à revelia. E meu sentimento ele encanta.
Sensibilidade, doçura, amor, nesse momento não defino, só sei que me chega um pavor,que não seja esse meu destino.
Ando pelos cantos do coração, à procura desse imenso carinho,sinto-o acelerado com emoção, e vejo que está no meu caminho.
Enquanto enalteço a natureza, que desprende força e energias, encanto-me com tanta beleza, e não vejo o passar dos dias.
E a alegria chega no teu olhar, a me fixar com ânsia e ternura, na luz em fagulhas a cintilar, maior do que qualquer amargura.
Nossos corações unidos a vibrar,todo o doce canto transmitido e já nesse instante quero calar, nas sensações logo revividas.
Nessa estranha e intensa paixão, que eu nem por um instante via, quero vivê-la tendo a noção, de que é composta só de alegria.
Do canto meu grito de liberdade, a penetrar e ecoar vitorioso, da alma amor e intensidade, a reinar no coração harmonioso.
Vânia Moreira Dinizdomingo, 17 de julho de 2011
Holanda, meu país sonhado
Quando era pequena sonhava em desbravar o mundo porque na verdade nunca pensei na separação de seres humanos ou diferença apenas porque cada um nascera em lugares diferentes. A Holanda para mim era um país exoticamente lindo e meus devaneios paravam sempre lá. Nos dias de festa de carnaval gostava muito de pedir aos meus pais para me vestirem de holandesa com o tamanquinho que eu adorava e sair pelas ruas do Rio de Janeiro, no bairro de Copacabana mostrando a magnífica indumentária que eu usava com um carinho faceiro. Chorava muitas vezes porque não queria tirar a roupa à noite.
E então pedia a meu avô que me falasse desse país europeu que eu tanto admirava. Em muitos sonhos via casas maravilhosas que naturalmente eu não sabia se eram exatamente ao estilo da Holanda, mas o que me importava é ter a sensação que eu transitava por ali.
Muitas vezes em meio às suas descrições me imaginava em museus em Amsterdã, a cidade colorida e maravilhosa que eu tive em meu pensamento até hoje. Imagino Amsterdã e também toda a Holanda um país liberal em que o povo pode transitar livremente, ter suas opções de vida e que palavra liberdade é levada à risca. Esse país me encanta não pela beleza e cores que eu reputo como um horizonte promissor, mas pelo seu modo de encarar a vida e sentir a existência extremamente mais fascinante.
A cidade de Amsterdã é atravessada por mais de 100 canais e existem sempre barcaças atracadas e pessoas ali permanentemente. A bicicleta é muito usada até mesmo por pessoas mais velhas e a cidade permanentemente tem um aspecto de beleza, alegria e intenso turismo. Claro que como toda cidade tem suas regras, mas o que me seduz quando penso na Holanda fora os sonhos intensos que envolviam minha infância é o ar generoso de independência que faz com que o país e as cidades, principalmente Amsterdã primem por um ar de felicidade delirante.
Isso sem contar com os museus, cores embriagadoras, as histórias que se contam e a beleza de Amsterdã, artistas e músicos esparsos pela cidade, bancas de flores onde a tulipa, flor nacional tem o seu cultivo constante e especial. Estátuas e esculturas espalhadas com os artistas de rua e que dão um ar característico.
Os holandeses são tão liberais que as famílias passeiam em zonas de prostituição com tranqüilidade observando e admirando o exótico ambiente e isso faz de Amsterdã uma cidade com o mínimo de preconceitos e extraordinariamente livre de opressões e cuja principal característica é a liberdade.
E retrocedo aos meus dias de infância quando me vestia de holandesa, chapeuzinho na cabeça, tamanco de madeira coloridos nos pés com o formato que me encantava e me sentia a própria holandezinha brasileira deslumbrada com as cores e a história desse extraordinário país que eu amo sem conhecer mas que povoa meus sonhos e pensamentos.
Vânia Moreira Diniz
sábado, 16 de julho de 2011
QUE MOMENTO É ESSE?
Que momento é esse
que me faz recuar no tempo,
Brincar de bonecas,
Brigar pelo balanço,
andar lado a lado
com meu irmão?
Que momento é esse,
que me lembra doces e cocadas
fogos de artifício e guloseimas,
Rodopio alucinante nos patins,
A rua cheia de tanto movimento,
Enquanto o fascínio deslumbrava?
Que momento é esse,
de saudade e encanto transparentes
Tão terno de imaginação,
A mostrar os dias como imagens,de saudade e encanto transparentes
Tão terno de imaginação,
Que a vida depressa escureceu,
Das cores vivas e deslumbrantes?
Que momento é esse,
Que me enche de saudades,Fere o coração com crueldade,
Recorda alegrias tão vividas,
Retorna a um tempo amado,
E me deixa tão pensativa?
Que momento é esse,
De sonhos que passaram,Fantasias a expandir-se,
Reminiscências ao longe,
Mas vívidas e vigorosas
E sempre tão generosas?
Que momento é esse,
Livros de Lobato,Mimos que se desfazem,
Castigos relembrados
Na infância sedutora
A lembrar esse momento?
Que momento é esse,
Que as lágrimas ofuscam,Tiram o brilho da alegria,
Rememoram tantos traumas,
Devaneios inconsequentes?
Que momento é esse?
segunda-feira, 11 de julho de 2011
ENERGIAS RENOVADAS
O ano está correndo já levando muitos sonhos que tivemos durante seu início. E continuo a sonhar. Isso é que é especial! Prosseguimos nossa fantasia independente de realizações e voamos como se realmente tivéssemos capacidade de realizar cada pensamento dourado.
Costumo cismar em horas tardias em que posso me concentrar, sair um pouco do trabalho e enveredar no caminho fascinante de meus próprios pensamentos.Os sentimentos me despertam aquela instintiva atração pelo imaginário e finjo que vivo num paraíso eterno fazendo dele a base da minha vida atual e futura. E embarco suavemente, as ondas volteiam em mim como se quisessem dizer que a própria vida terá essas ondulações nos acontecimentos que estão por vir.
São esses momentos que considero especiais, enquanto admiro a lua cujos reflexos dourados me fazem pensar na beleza de uma noite encantada. A minha sucessão de imagens é tão grande e variada que tenho a impressão que estou em outro espaço, absorvendo sua energia e usufruindo os fluidos que emanam.
Procuro um lugar bem escuro, e fecho os olhos para que possa absorver aquele momento de terna privacidade, em que me encontro comigo mesma tentando me conhecer melhor e mais profundamente. Sinto que entro em conflito nesse conhecimento muito íntimo e procuro harmonizar docemente fazendo minha alma compreender a aridez que não costumo aceitar.
E vou me aprofundando mais e mais, querendo absorver aquelas regiões desconhecidas , adversas, irreconhecíveis, traumatizadas que eu penetro numa ânsia de coragem e vigor.
Desejo então recuar, mas não quero me desprestigiar com meu próprio interior e continuo célere e vibrante a me pedir um pouco de tranqüilidade.Finalmente posso entender uma parte do meu coração e entrar em harmonia com minha alma.
Muito tocante esse conhecimento, essa intimidade lenta e progressiva, porém extremamente necessária num caminho que mal conheço e que, no entanto é minha própria essência a gritar para se manifestar inteiramente.
Abro os olhos revigorada, mas sem saber exatamente donde venho e porque fui, estranhando todas as coisas que me cercam, sem conhecimento das figuras que me foram apresentadas e procuro voltar à vida tentando lembrar qual o próximo passo.
Minha vontade é ver o sol, mas está escuro e me consolo com o brilho fulgurante das estrelas, e o azul luminoso do céu. Pergunto-me o que virá daqui a pouco e a sensação que experimentarei nesse momento, pós-análise de sentimentos que encontrei de perto.
Já me vou. Sento à minha mesa de trabalho ainda tonta e procuro reconstituir meu passeio imaginário e incompreensível com energias renovadas vindas de dentro de mim. E encontro uma paz revitalizada. Não sei o que sinto, todavia entendo que estou em paz.
Vânia Moreira Diniz
Vânia Moreira Diniz
sexta-feira, 8 de julho de 2011
SÓ REMINISCÊNCIAS
A estrada era longa e escura,
Tão escura que me perdia no olhar
Quando eu cismava entristecida
E me encontrava dançando com a vida.
A luz que iluminou o dia,
Disfarçada em sensações obscuras,
Decorou de feitiço minha alma,
E nem mesmo assim a claridade eu via.
Desfilavam em bando as reminiscências,
Doces ou tristes, mas nunca amargas,
Com o mel de compreensão e doçura
Que por um momento eu absorvia.
Tudo um sonho que me enternecia,
Nas noites deleitosas e perdidas
Em crepusculares ânsias,
Que fascinada e confusa eu compreendia
Tudo passou, ficou apenas a esperança,
Suaves toques de uma mão vazia,
Transmitidas em vibrátil expectativa
E que nunca mais me deixou atormentada
Vânia Moreira Diniz
quarta-feira, 6 de julho de 2011
EM BUSCA DA VERDADE
Vou andando,
Tropeçando e levantando,
Recolhendo minha alma,
Expondo minha verdade,
Certa de meus enganos,
Vivendo dos delírios,
Iludindo-me no sucesso,
Rindo na derrota,
Mas avançando,
Sempre célere e duvidosa
Em busca da verdade.
Vou caminhando,
Pedras a contornar,Obstáculos enganosos,
Elogios inadequados,
Procurando o meu mundo,
Conclusões precipitadas,
Vaga esperança no olhar,
Dúvidas a se acercarem,
Decepções a contornar,
crescendo, crescendo,
Em busca da verdade
Vânia Moreira Diniz
terça-feira, 5 de julho de 2011
RENASCIMENTO NA MADRUGADA
Hoje abri meus olhos enquanto a cidade ainda dormia e sentindo a luz se infiltrando, através das frestas da cortina, pude fazer minhas costumeiras reflexões. Sobre a vida, meu modo de encará-las, erros e acertos em que me vejo tão frequentemente envolvida.
Senti a vida, fremente a dizer-me da participação de cada ser humano e procurei entender o que realmente estava fazendo aqui, nesse mundo, ao qual queremos tanto nos agarrar. Avaliei meus enganos e acertos e fiz um retrospecto dos anos que já haviam passado.
A impressão que eu tinha naquele momento, é que estava assistindo a um filme, cujas imagens não me eram totalmente desconhecidas, mas que em sua forma completa não conseguia relembrar.
Vi a dança da vida, meus próprios passos hesitantes quando era tão pequena, a satisfação ou tristeza de cada momento e as reminiscências que se faziam profundamente presentes. Senti dor, mágoa, felicidade, amor, ternura e nas incompreensões que apareciam já pude julgar-me sem isenção.
Entendi o quanto precisava para me aperfeiçoar, mesmo já tendo tido anos para trás, exemplos de vidas que passavam à minha frente, como modelos magníficos ou em circunstâncias não tão prazerosas, muitos dos quais já tinham se ausentado definitivamente.
Pude sentir o quanto havia sido parcial comigo mesma e como precisava de forças para enveredar por caminhos mais acertados, de mais amor e tolerância, menos egoísmo, retirando esse individualismo que no fim de tudo, é o que nos faz sofrer.
Como se estivesse dentro de meu próprio inconsciente, fui notando as nuances de realização ou frustração e absorvendo com naturalidade, o que às vezes me fazia sofrer.E andando, procurando detalhes, me envolvi numa regressão interessante e ao mesmo tempo ansiosa.Assim mesmo, amei cada pedaço da minha vida.
Resolvi ficar em silêncio absoluto durante um longo tempo, usufruir aquele momento de interiorização e lembrei-me o quanto precisaria disso, para ressurgir plena e vigorosa. Durante longo período, fiquei, olhos fechados com as minhas imagens, meus segredos, pessoas que desfilavam encantando meu subconsciente, lamentando meu ego, dizendo-me dos meus defeitos, falando-me das minhas qualidades.
Então, surpreendida, pude provar das minhas próprias intolerâncias e tentar absorver os exemplos de vida que se passavam à minha frente. Quedei-me num instante de pensamentos, que se multiplicavam com força e rapidamente e então mais lentamente, detive-me em muitos pontos luminosos e outros escuros e quase impossíveis de alcançar.
Tive medo de que não saísse daquela profundidade para a qual havia caminhado voluntariamente, medo do abismo que experimentava, sem saber o que exatamente acontecia e pude constatar lágrimas que desciam, sem que eu soubesse ao menos detê-las mas tão abundantes, que lavavam minha alma das eventuais manchas de egocentrismo e displicência em relação ao universo que me cercava.
Lentamente, então, fui me retirando daquele transe voluntário e lembrando mais lucidamente do destino dos seres humanos em processo de vida e entendendo a profundidade dos sentimentos que ostentamos superficialmente.
Ergui-me restaurada, pronta para o caminhar de cada dia, aceitando as ausências dos seres queridos e procurando receber com entusiasmo cada novo fato e fases diferentes, que se apresentassem em minha vida. Ergui-me, sem preconceito comigo mesma e enxergando através dos meus olhos a direção do meu próprio coração. Ergui-me pronta a enfrentar o mundo, os acontecimentos ainda que chocantes, entender as alegrias profundas e ter a humildade de percebê-las em toda a sua grandiosidade.
Era como se tivesse renascido naquele instante, para tomar as decisões que minha vida solicitava. Tinha renascido e estava pronta para viver da maneira mais coerente, todavia também mais prazerosa e legítima.Tinha renascido com esperança e sem sofrimentos, aceitando cada minuto que se apresentasse daquele momento em diante. Tinha renascido na madrugada convidativa e amena, que me recebeu silenciosa e conselheira
Vânia Moreira Diniz
Vânia Moreira Diniz
domingo, 3 de julho de 2011
MAGIA
A magia da vida é encanto,
Um dia triste e desesperançado,O outro lindo como um canto,
E o desespero se torna passado.
Magia de um lindo e sincero sorriso,
De notícia tão alegre e tão terna,Do conhecimento de um singelo caso,
E da certeza de uma amizade eterna.
Que vem das pequenas ocasiões,
Dos gestos mais controvertidos,Da chegada de vibrantes situações,
E dos prantos de emoções vertidos.
Magia dos contrastes encantadores
Que na existência acontece em profusão,Grandes e diversas formas de amores,
Os quais na maioria não temos noção.
Magia do sol escaldante e da chuva fria,
Da noite escura e do dia iluminado,Da partida triste e do retorno com alegria,
Do entusiasta esfusiante e do gênio calado.
Essa magia estranha e profunda que seduz,
Que torna a vida loucura e deslumbramento,E que a todos de um jeito inesperado conduz,
Ao mais profundo e fascinante arrebatamento.
Magia, palavra tão enigmática,
Que nos leva a misteriosas paragens,Mas que contêm verdade prática,
Com enormes e maravilhosas vantagens.
Vânia Moreira Diniz
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